quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Gosto.

Gosto, sim, gosto, de palavras meigas, fugidias por entre promessas vãs, fúteis, que não valem nada.
Gosto de me sentir bem, e não pensar no futuro, gosto de me sentir superficial e desejado, ainda que pelas pessoas erradas, e de viver sem pensar muito, como se o amanhã não interessasse nada.
Gosto de viver depressa, de acordar ao lado de pessoas que mal me lembro do nome a olharem-me com veneração, mas também gosto da situação oposta.
Gosto de vestir caro enquanto sou trolha, gosto de guiar tractores de 200 cavalos sentado em boxers mais caros do que eles.
Gosto de apanhar chuva e de me rir dela, de ser director mas preferir carregar estrume, gosto de andar com a barba de um mês como se fosse pedinte, mas guiar um BM que veria a arder com um sorriso, gosto de não querer saber de nada.
Gosto de contrastes e conhecer pessoas, gosto de línguas diferentes, gosto de anarcas e de excentricamente ricos, gosto de pessoas que não se preocupam com nada, mas que vivem intensamente e davam a vida por sentir mais.
Gosto de dar 100 EUR a um pobre enquanto lhe sorrio, ou de gastar 1000 num fim-de-semana paradisíaco e não tirar fotos, gosto, sim, gosto, de me sentir bem, de surpresas e de surpreender.
Gosto de computadores topo de gama e telemóveis de última geração, BMs e cartões de crédito sem plafond, mas gosto muito mais de podar laranjeiras, de cortar relva, de forquilhas e ancinhos e gosto de gostar mais destes últimos do que dos primeiros.
Gosto de almoçar em restaurantes absurdamente caros, jantar em tascos por entre amigos, e divertir-me mais nestes segundos, mas pensar sempre, sempre, que em qualquer dos casos, que comeria melhor em casa da minha mãe.
Gosto de brincar com a espuma, com a do mar e com a da sociedade, e pior, de a criticar e enxovalhar, mas estar absolutamente consciente que faço estrondosamente parte dela e do rebanho.
Gosto de falar com directores por entre whiskies quase da minha idade, e de seguida argumentar com trolhas por entre minis em cafés enegrecidos, e tratá-los a todos por igual.
Gosto de arriscar e de jogar, de ganhar, de descobrir o que fiz mal quando perco, de lidar com o triunfo e a derrota e ignorá-los aos dois, de sonhar sem viver obcecado, de esperar sem me cansar, de lutar por aquilo que gosto, de ter sorte, de ignorar o azar, mas acima de tudo, gosto de acreditar, de viver, e de amar.


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