Uma amiga enviou-me esta foto ainda há pouco. Disse-me que nem precisava de comentários. Não sei... mas apetece-me dizer que a embalagem não nos mostra nunca o conteúdo. Um possível malfeitor todo tatuado e um monstro barbeado e engravatado. Eu que costumo andar engravatado e estou tatuado q.b. encaixo-me onde?
P.S.: Este é o meu post #100. Quando comecei esta coisa pensei em chegar aos 100, 200, 300 e por aí em diante. O que não previ foi o gozo enorme que isto me dá. Abreijos a todos os que por aqui passam.
Uns têm, outros não. “You only grow when you are alone.” Paul Newman 26/01/1925 - 26/09/2008.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Today's feeling.
“You see, in this world
there’s two kinds of people, my friend: Those with loaded guns and those who
dig. You dig.”
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Confiança.
Desde o
primeiro suspiro que procuramos alguém em quem possamos confiar. Alguém que nos
dê a mão, que cuide de nós quando mais precisamos, que nos aqueça em dias frios
e que se disponha a oferecer-nos sorrisos mesmo quando não os sabemos devolver.
Ao longo dos anos vamos aprendendo que nem todos o farão e, acima de tudo, que
aqueles que hoje nos acompanham acabarão (quase) inevitavelmente por falhar a
dada altura. Normalmente quando mais precisamos.
Tornamo-nos mais cautelosos e aprendemos que, afinal, não podemos confiar em toda a gente. Ou pelo menos não podemos confiar cegamente como seria nosso desejo. Vamos criando defesas e, lentamente, fechamo-nos no nosso castelo e não permitimos que qualquer um o possa invadir. Vivemos de relações ilusórias. De abraços dados através das grades, que se querem fortes para nos protegerem. Para garantir que ninguém chegará realmente até nós. Movemo-nos em mundos paralelos que tememos que passem a reais. Estabelecemos ligações aqui e ali, preferencialmente à distância. Sempre a uma distância que nos permita alguma margem de manobra para fugirmos. Para nos defendermos. Construimos e vendemos uma imagem idealizada de nós mesmos. E, acima de tudo, esforçamo-nos para que nunca ultrapassem a tal linha imaginária que uma vez transposta implica grandes riscos.
Nem toda a gente consegue passar esta fronteira tão bem (?) protegida. À custa de muitos erros vamos aprendendo alguns truques que nos ajudam a distinguir quem merece visitar-nos. Muitos nos estendem a mão mas poucos são os que querem realmente aliviar-nos o peso que trazemos. Por vezes passam-nos o braço pelo ombro apenas para sentirem até onde conseguimos suportar. Outros sentam-se ao nosso lado, sem que alguma vez estejam realmente connosco. Para a maioria somos uma espécie de passatempo. Quando o nosso grau de exigência aumenta, ou quando a dificuldade dos nossos problemas sobe de nível, afastam-se como crianças aborrecidas por não conseguirem resolver um quebra-cabeças. Não é facil fazer a distinção e o instinto, que tantas vezes nos comanda, nem sempre indica os melhores caminhos.
Por vezes baixamos a guarda e deixamos que cheguem a este lado. A este mundo que só nós conhecemos e que guardamos como um tesouro. Não que seja precioso mas apenas porque é o que temos de mais nosso. As nossas memórias de criança e os nossos sonhos de adulto. Os medos que nos assombram as noites e os desafios que fomos ultrapassando. As lágrimas que chorámos sozinhos e os sorrisos que fomos conquistando. As ilusões que ousámos viver e as outras que tememos assumir. Coisas pequenas. Uns pequenos nadas que nos dão a ilusão de sermos unicos, especiais. Ainda que apenas aos olhos daqueles a quem nos vamos entregando. Afinal, de que vale um tesouro se não o pudermos partilhar?
Então arriscamos confiar. Confiar implica sempre um elevado risco. É precisamente o estar disposto a correr esse risco, quando não sabemos o que nos espera. É estar disposto a baixar as armas, mesmo sem saber o que há do lado de lá. É deixarmo-nos cair, mesmo sem certezas se nos vão agarrar. É fechar os olhos e deixarmo-nos ir às cegas. É perder o (aparente) controlo sobre o que nos rodeia e acreditar em quem nos leva pela mão no escuro, muitas vezes em silêncio. É seguirmos um caminho sem certezas. E mesmo assim irmos. Apenas porque sim.
...e sabe tão bem deixarmo-nos ir!
Tornamo-nos mais cautelosos e aprendemos que, afinal, não podemos confiar em toda a gente. Ou pelo menos não podemos confiar cegamente como seria nosso desejo. Vamos criando defesas e, lentamente, fechamo-nos no nosso castelo e não permitimos que qualquer um o possa invadir. Vivemos de relações ilusórias. De abraços dados através das grades, que se querem fortes para nos protegerem. Para garantir que ninguém chegará realmente até nós. Movemo-nos em mundos paralelos que tememos que passem a reais. Estabelecemos ligações aqui e ali, preferencialmente à distância. Sempre a uma distância que nos permita alguma margem de manobra para fugirmos. Para nos defendermos. Construimos e vendemos uma imagem idealizada de nós mesmos. E, acima de tudo, esforçamo-nos para que nunca ultrapassem a tal linha imaginária que uma vez transposta implica grandes riscos.
Nem toda a gente consegue passar esta fronteira tão bem (?) protegida. À custa de muitos erros vamos aprendendo alguns truques que nos ajudam a distinguir quem merece visitar-nos. Muitos nos estendem a mão mas poucos são os que querem realmente aliviar-nos o peso que trazemos. Por vezes passam-nos o braço pelo ombro apenas para sentirem até onde conseguimos suportar. Outros sentam-se ao nosso lado, sem que alguma vez estejam realmente connosco. Para a maioria somos uma espécie de passatempo. Quando o nosso grau de exigência aumenta, ou quando a dificuldade dos nossos problemas sobe de nível, afastam-se como crianças aborrecidas por não conseguirem resolver um quebra-cabeças. Não é facil fazer a distinção e o instinto, que tantas vezes nos comanda, nem sempre indica os melhores caminhos.
Por vezes baixamos a guarda e deixamos que cheguem a este lado. A este mundo que só nós conhecemos e que guardamos como um tesouro. Não que seja precioso mas apenas porque é o que temos de mais nosso. As nossas memórias de criança e os nossos sonhos de adulto. Os medos que nos assombram as noites e os desafios que fomos ultrapassando. As lágrimas que chorámos sozinhos e os sorrisos que fomos conquistando. As ilusões que ousámos viver e as outras que tememos assumir. Coisas pequenas. Uns pequenos nadas que nos dão a ilusão de sermos unicos, especiais. Ainda que apenas aos olhos daqueles a quem nos vamos entregando. Afinal, de que vale um tesouro se não o pudermos partilhar?
Então arriscamos confiar. Confiar implica sempre um elevado risco. É precisamente o estar disposto a correr esse risco, quando não sabemos o que nos espera. É estar disposto a baixar as armas, mesmo sem saber o que há do lado de lá. É deixarmo-nos cair, mesmo sem certezas se nos vão agarrar. É fechar os olhos e deixarmo-nos ir às cegas. É perder o (aparente) controlo sobre o que nos rodeia e acreditar em quem nos leva pela mão no escuro, muitas vezes em silêncio. É seguirmos um caminho sem certezas. E mesmo assim irmos. Apenas porque sim.
...e sabe tão bem deixarmo-nos ir!
terça-feira, 26 de junho de 2012
Verdades esquecidas.
«The
essence of marketing is about a blow job. Promise a guy a blow job and you can
sell him anything.»
- Frank Zappa
- Frank Zappa
Derivações mentais na A5.
"Que carro mais bonito. A sério! Nunca tinha visto esse modelo. Nessa cor, pelo menos. Aliás, nem sabia que os faziam que essa cor. Claro, como se eu alguma vez me tivesse posto a pensar se essa cor existe. E gosto do aileron. Dá-lhe um ar mais... coiso. Retira um bocado as atenções do "Super Turbo" que está escrito na parte de trás. E nunca tinha visto jantes tão brilhantes. São giras. Também, se não fiquei ofuscado com o tubo de escape cromado, não seriam as jantes a deixar-me cego.
Posto isto, eu já vi, tu já mostraste, agora OU SAIS DA FAIXA DA ESQUERDA OU CARREGAS NO CABRÃO DO ACELERADOR!
Dasssssssssssseeee...." (foi isto tudo mas em silêncio que eu não sou um arruaceiro das estradas!!)
Posto isto, eu já vi, tu já mostraste, agora OU SAIS DA FAIXA DA ESQUERDA OU CARREGAS NO CABRÃO DO ACELERADOR!
Dasssssssssssseeee...." (foi isto tudo mas em silêncio que eu não sou um arruaceiro das estradas!!)
segunda-feira, 25 de junho de 2012
How Am I doing?
Jesse: I feel like if
someone were to touch me, I'd dissolve into molecules (...)
Celine: So, I want to try something.
Jesse: What?
Celine: [hugs him] I want to see if you stay together or if you dissolve into molecules.
Jesse: How'm I doing?
Celine: Still here.Jesse: Good, I like being here.
Celine: So, I want to try something.
Jesse: What?
Celine: [hugs him] I want to see if you stay together or if you dissolve into molecules.
Jesse: How'm I doing?
Celine: Still here.Jesse: Good, I like being here.
(@ Before sunset)
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Falta de inspiração.
Há também quem lhe chame disfunção eréctil.
Olhamos para esta folha em branco e ficamos a pensar se algum dia voltaremos a conseguir preenchê-la, com aquelas ideias luminosas de antigamente.
Há maneiras fáceis. O recurso à pornografia pode ser uma. Podemos pegar num matutino (leia-se televisão, rádio, internet) e agarrar a via imediata da crítica aos políticos, aos jornalistas, aos comentadores. Pode falar-se de futebol, de Fátima, do fado...
Mas quando se pretende um desempenho perfeito, há que ter em conta os preliminares que nos conduzem com mais segurança ao ambicionado êxtase. Há que acariciar cada curva de cada palavra, passar a língua pelos conceitos mais audazes, beijar cada concavidade do imaginário, vibrar com cada metáfora que arrebita, gemer com as hipérboles menos óbvias. Há que gostar do paladar do suor que brota da refega... (Sentem?... O palpitar destas reticências?...)
Não será de seguir o trilho de imaginar o "como" do funcionamento da coisa. Quanto mais pensarmos "como" vai acontecer, mais depressa nos iremos deparar com a inibição, com o fracasso, com a desilusão de constatarmos que, afinal, já não é como dantes.
Tem de ser incontrolável, inexplicável, irracional mas simultaneamente consciente. Uma força anímica que não se comanda nem se compreende. Que existe, e pronto!
Quanto mais racionalizarmos a possibilidade de vir a acontecer ou não, mais somos levados a práticas onanísticas que só dificultam as coisas. Pensamos nos assuntos, gastamos os temas antes de os transpormos para aqui, e concluímos que à altura de tentarmos brilhar com o nosso desempenho, já nos falta a motivação que queimámos egoisticamente.
A leitura do que os outros escrevem transforma-se nas imagens e sons indecorosos e imorais que nos apaga a libidinosa veia literária e, quanto maior a qualidade do que lemos, mais dúvidas teremos de que o nosso desempenho venha a estar à altura.
É aqui que admiro o gigolo, que consegue a performance desde que lhe paguem. É que, comigo, nem que me paguem a coisa resulta!...
Não sei como é num cérebro feminino. No meu funciona de facto num paralelismo atroz. Quanto mais pensar nisso menos hipóteses terei de sucesso. Sei, por aprendizagem e constatação, que há-de vir o dia em que tudo se normaliza, em que conseguirei o tema orgástico que fará de mim o herói da noite; aos meus olhos, pelo menos.
É a angústia de não lhe saber o"quando" que me atormenta.
Por fim fica-me sempre a dúvida. Sei que para alguns foi demais, para outros não chegou para começar. Inquieta-me a precocidade que resulta dessa ansiedade em provar que "posso".
E ainda não inventaram o Viagra de que preciso. Aquele que provoque aquela Tensão Uniforme Singularmente Agradável (TUSA) para as ideias que me faltam.
Assim sendo, e como começa hoje o Verão, deixo-vos aqui aquilo que me vem à mente com esta estação.
As cores!!! Reparem mas é nas cores!!
Resta-me desejar que tenha sido tão bom para vocês, como foi para mim.
Olhamos para esta folha em branco e ficamos a pensar se algum dia voltaremos a conseguir preenchê-la, com aquelas ideias luminosas de antigamente.
Há maneiras fáceis. O recurso à pornografia pode ser uma. Podemos pegar num matutino (leia-se televisão, rádio, internet) e agarrar a via imediata da crítica aos políticos, aos jornalistas, aos comentadores. Pode falar-se de futebol, de Fátima, do fado...
Mas quando se pretende um desempenho perfeito, há que ter em conta os preliminares que nos conduzem com mais segurança ao ambicionado êxtase. Há que acariciar cada curva de cada palavra, passar a língua pelos conceitos mais audazes, beijar cada concavidade do imaginário, vibrar com cada metáfora que arrebita, gemer com as hipérboles menos óbvias. Há que gostar do paladar do suor que brota da refega... (Sentem?... O palpitar destas reticências?...)
Não será de seguir o trilho de imaginar o "como" do funcionamento da coisa. Quanto mais pensarmos "como" vai acontecer, mais depressa nos iremos deparar com a inibição, com o fracasso, com a desilusão de constatarmos que, afinal, já não é como dantes.
Tem de ser incontrolável, inexplicável, irracional mas simultaneamente consciente. Uma força anímica que não se comanda nem se compreende. Que existe, e pronto!
Quanto mais racionalizarmos a possibilidade de vir a acontecer ou não, mais somos levados a práticas onanísticas que só dificultam as coisas. Pensamos nos assuntos, gastamos os temas antes de os transpormos para aqui, e concluímos que à altura de tentarmos brilhar com o nosso desempenho, já nos falta a motivação que queimámos egoisticamente.
A leitura do que os outros escrevem transforma-se nas imagens e sons indecorosos e imorais que nos apaga a libidinosa veia literária e, quanto maior a qualidade do que lemos, mais dúvidas teremos de que o nosso desempenho venha a estar à altura.
É aqui que admiro o gigolo, que consegue a performance desde que lhe paguem. É que, comigo, nem que me paguem a coisa resulta!...
Não sei como é num cérebro feminino. No meu funciona de facto num paralelismo atroz. Quanto mais pensar nisso menos hipóteses terei de sucesso. Sei, por aprendizagem e constatação, que há-de vir o dia em que tudo se normaliza, em que conseguirei o tema orgástico que fará de mim o herói da noite; aos meus olhos, pelo menos.
É a angústia de não lhe saber o"quando" que me atormenta.
Por fim fica-me sempre a dúvida. Sei que para alguns foi demais, para outros não chegou para começar. Inquieta-me a precocidade que resulta dessa ansiedade em provar que "posso".
E ainda não inventaram o Viagra de que preciso. Aquele que provoque aquela Tensão Uniforme Singularmente Agradável (TUSA) para as ideias que me faltam.
Assim sendo, e como começa hoje o Verão, deixo-vos aqui aquilo que me vem à mente com esta estação.
As cores!!! Reparem mas é nas cores!!
Resta-me desejar que tenha sido tão bom para vocês, como foi para mim.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
É pah!!!
Gosto de dar uma volta por alguns blogs. Uns comento, outros nem por isso mas vou passeando por lá e dá-me algum gozo, confesso. Agora... mas por que raios é que a malta tem de gramar com grandes planos dos vossos pés por tudo e por nada??? é algum tipo de fixação? vai durar muito tempo? Se abusam começo a meter fotos dos meus pés e vão ver como isto descamba!!! (tenho uns pézinhos tão bonitos no seu tamanho maneiro de 44 biqueira larga...)
terça-feira, 19 de junho de 2012
Coisas de protocolo.
Mais uma vez preocupado com a vossa educação e
comportamento social, venho deixar-vos algumas questões importantes (creio até
que estarão na próxima pré-agenda da cimerira do G8). A classe e o nível também
se aplica na forma como respeitamos o protocolo. Tenho lido bastante sobre esta
temática, no intervalo da Bola e do Record, e tenho-me apercebido que muito se
publica acerca de protocolo mas em nenhum sítio, pelo menos que eu conheça, se
refere à civilidade entre lençóis. E era necessário regular-se também esse
sector da vida privada.
Ora, se é de senso comum despir as meias, outras situações há que podem ser constrangedoras, sobretudo depois do acto (antes não estamos nem aí, verdade?) E os exemplos multiplicam-se. Senão, vejamos.
Se ambos (não vamos complicar e por mais gente ao barulho) fumarem, os cigarros deverão ser fumados na cama, ou em outro local da casa? Se for noutro local senão na cama, o que se deve levar vestido? Apenas a roupa interior? Ou toda a roupa?
Devemos ficar para o resto da noite ou saímos após o cigarro?
Quando convidamos alguém para passar lá a noite, que lugar cedemos na cama? O direito? E o que vestimos, sobretudo se não tivermos levado nada? E quem deverá apagar a luz?
Pela manhã, se acordarmos primeiro em casa de outrem, ficamos à espera que acorde? Tomamos um duche ou esperamos até chegarmos a casa? E se for em nossa, deveremos servir o pequeno almoço, mesmo que estejamos super atrasados para chegar ao trabalho?
Não é assim tão simples como parece, pois não?
Vá! Ide e lembrai-vos que não parecendo fácil, a solução é não complicar e seguir em frente. Uma das duas hipóteses será sempre o caminho e quando temos 50% de hipóteses de acertar, se não for à primeira, será à segunda... se tiverem sorte.
Ora, se é de senso comum despir as meias, outras situações há que podem ser constrangedoras, sobretudo depois do acto (antes não estamos nem aí, verdade?) E os exemplos multiplicam-se. Senão, vejamos.
Se ambos (não vamos complicar e por mais gente ao barulho) fumarem, os cigarros deverão ser fumados na cama, ou em outro local da casa? Se for noutro local senão na cama, o que se deve levar vestido? Apenas a roupa interior? Ou toda a roupa?
Devemos ficar para o resto da noite ou saímos após o cigarro?
Quando convidamos alguém para passar lá a noite, que lugar cedemos na cama? O direito? E o que vestimos, sobretudo se não tivermos levado nada? E quem deverá apagar a luz?
Pela manhã, se acordarmos primeiro em casa de outrem, ficamos à espera que acorde? Tomamos um duche ou esperamos até chegarmos a casa? E se for em nossa, deveremos servir o pequeno almoço, mesmo que estejamos super atrasados para chegar ao trabalho?
Não é assim tão simples como parece, pois não?
Vá! Ide e lembrai-vos que não parecendo fácil, a solução é não complicar e seguir em frente. Uma das duas hipóteses será sempre o caminho e quando temos 50% de hipóteses de acertar, se não for à primeira, será à segunda... se tiverem sorte.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Feiticeiro.
Vai, feiticeiro! Espera-te a tribo a Oeste.Que anseia por te ver sair do ventre do pássaro mágico que te transporta. Vai, curandeiro albino! Desce ao terreiro onde os gritos das danças da chuva hoje não se ouvem.
Reúne as hostes celestes e pacifica as negras almas. Exorciza os demónios que os poluem e exorta as almas puras que apazigúem os espíritos crentes, que os outros já estão em paz. Perdoa a culpa dos pecadores dos homens e faz erguer aos céus eternos o éter dos que partiram na tua fé.
Nomeia o inominável, que os acalme. Ergue o teu bastão e controla com a tua magia o tresmalhado. Reúne a manada cega e dá-lhe destino. Revigora-lhes as colheitas com os teus poderes abissais e o som das tuas cabaças.
Que o Sol e a Lua te obedeçam para que a noite e o dia voltem a reinar nessa terra cinzenta, queimada, poluta.
Tu que falas com os deuses de todas as línguas, pede misericórdia para esses indígenas e abençoa-lhes as chagas que os envergonham. Transforma a água que bebem em néctar que lhes sare todas as maleitas.
Milagreiro puro, virginal e imaculado, escuta a voz dos homens e transmite-lhes o conhecimento do infinito, para que se imbuam de novo daquilo a que chamam esperança.
Envergonha-os, da nudez em que deixam desprotegidos anciãos e infantes, irmãos e irmãs. Mostra-lhes que os deuses não têm conchas nem jogam nas cartas o destino que os submeta. Aceita as suas dádivas e sacrifícios sentidos no pó do terreno soalheiro.
Leva-lhes às cabanas modestas, que habitam, o brilho divino que há muito esqueceram. Pede por eles à terra que lhes seja firme aos passos e leve no sepulcro. Apela às ossadas dos ancestrais de tantas cruzadas, que te adornam as vestes, que renovem o poder incomensurável dos amuletos que trazem agora à tua presença.
Nunca acreditarão se tu próprio não acreditares, que podes fazer o que te delego.Vai feiticeiro!
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Lisboa é feminina.
Hei-de encontrar
Aquilo que procuras
Para te dar
E receber ternuras
Doçuras
Se eu não achar
Aquilo que procuras
Vou aguentar
As tuas amarguras
Doçuras
(Xutos e Pontapés)
Aquilo que procuras
Para te dar
E receber ternuras
Doçuras
Se eu não achar
Aquilo que procuras
Vou aguentar
As tuas amarguras
Doçuras
(Xutos e Pontapés)
(Castelo)
Ah... e bom fim de semana. O meu vai ser ;)
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Geometria e mais qualquer coisa.
A propósito de tentativas e erros. De mais tentativas.
Traçar uma linha recta.
Experimentem fazê-lo olhando para o risco à medida que ele se desenha. Pois é. Sai todo irregular. Se olharem para o ponto da folha de papel onde estará o último dessa linha , irão manter a direcção ao longo do trajecto. Mais: ao verem a evolução da linha pela visão periférica, através da zona da retina mais dotada para a percepção das diferenças de luz e, portanto, de movimento, vão apreender melhor a deslocação em curso.
Do mesmo modo, quem caminha não deve olhar para os seus próprios pés. Acaba por tropeçar. Quem vigia em demasia os passos que dá, mais do que o necessário para medir, na cadência, aquilo que percorreu, arrisca perder-se. Há aparentes atalhos, que são afinal direcções para lugar nenhum. O bom caminho faz-se caminhando, a olhar de frente para hipotéticas chegadas.
Traçar uma linha recta.
Experimentem fazê-lo olhando para o risco à medida que ele se desenha. Pois é. Sai todo irregular. Se olharem para o ponto da folha de papel onde estará o último dessa linha , irão manter a direcção ao longo do trajecto. Mais: ao verem a evolução da linha pela visão periférica, através da zona da retina mais dotada para a percepção das diferenças de luz e, portanto, de movimento, vão apreender melhor a deslocação em curso.
Do mesmo modo, quem caminha não deve olhar para os seus próprios pés. Acaba por tropeçar. Quem vigia em demasia os passos que dá, mais do que o necessário para medir, na cadência, aquilo que percorreu, arrisca perder-se. Há aparentes atalhos, que são afinal direcções para lugar nenhum. O bom caminho faz-se caminhando, a olhar de frente para hipotéticas chegadas.
terça-feira, 12 de junho de 2012
Não tem nada a ver com os Santos Populares... e tenho pena.
Às vezes sou tomado por ataques de estupidez aguda. E não há nada que se possa fazer contra isso. Hoje, uma ideia peregrina tomou conta da minha cabeça. Com o apertar do trabalho e a necessidade de facturar qualquer coisa de jeito para poder ter umas férias minimamente decentes, a inspiração não vai abundando. Ainda assim, e por especial deferência aos 3 leitores que vão fazendo o favor de ir passando por aqui, achei que devia deixar qualquer coisa para se irem entretendo... porque amanhã, depois da noite que se perspectiva não me parece que consiga passar por aqui. Pedi então a uma colaboradora aqui do estabelecimento para me dizer um tema para o blog. Obviamente, podendo correr mal, porque é que havia de correr bem? A recepcionista (que não faz ideia, apesar das insistências, que este é o meu blog) escolheu "a vida sexual do tubarão branco". Foi nesse momento que eu decidi que tinha de deixar de emborcar speeds e fazer este tipo de pedidos.
Ora vamos então lá a despachar isto:
Isto é um tubarão branco. Não lhe bastava o sorriso simpático, ainda chega a pesar 2,5 toneladas. Algo me diz que ele não f... convive muito.
Ora vamos então lá a despachar isto:
segunda-feira, 11 de junho de 2012
O elogio do erro.
Não me apetecia, não me tem apetecido.
Sei o que me apetecia, talvez por isso: escrever tudo cheio de erros. Escrever num código só meu. Desculpa triste, escrevo sempre num código só meu. Tudo cheio de erros. Gosto dos meus erros, são sintoma de liberdade quando não tenho medo deles. Depois refinam-se e passam despercebidos. Como quem acha uma nota no chão e lhe põe um pé em cima. "Devolve-se a quem provar pertencer-lhe". Olha-se para um lado e para o outro, a medir a humidade, a ver aquela nuvem mais escura e a criar a ideia de que vem aí chuva, passageira.
Depois deixa-se cair a chave. Plim. Arrebanha-se tudo, a fazer valer o dobrar da espinha. O gesto refinado, a não admitir o erro. Do outro lado o Sol, as caras cinzentas, incapazes de ouvir um plim. "Afinal pertence-me a mim". Os olhos vagueiam para a noite, a desejar o sonho ímpio dos inocentes, todos errados. A inocência perde-se quando se eliminam os erros. Passa-se a ser um sequaz do justiceiro, cheio de certezas e dedos espetados. Perde-se a misericórdia. Perde-se a noção do belo.
O belo em si é um erro, perfeito, como é qualquer erro, capaz de nos fazer virar a cabeça e perder a noção da realidade, essa coisa que não se compadece com erros, que nos impele sempre para a imperfeição da posição irrefutável, mas sempre à mercê da imensidão do que não dominamos, a excepção fundamental que confirma a regra, esse erro abrupto que nos oprime qualquer certeza. O belo é imerecido porque é um erro supremo que ninguém merece, por ter sempre alguma certeza, até isso justifica a sua essência errada e errática.
O erro não é intencional, ao contrário do mal que nunca é um erro. O mal é uma escolha, mais ou menos reflectida, mas nunca um erro. No entanto, erradamente, condenamos o erro quando deveríamos condenar o mal. O verdadeiro erro pode ser fruto de incompetência, distracção, incontinência, desmesura. Quando toleramos a génese, admitimos que fundamente a causa, mas apesar disso continuamos a condenar aquilo que inicialmente admitímos, sem querermos ver que deveria ser a verdadeira causa a perseguida. Assim, andamos com medo de errar, tentando fazer tudo certo ainda que mal.
Tememos a revelação dos nossos erros, pela injustiça do seu julgamento. Só poderemos ser livres quando nos exprimirmos por erros sinceros, pleonasmo; num código individual, imperceptível até que se refine, nessa altura compreendemo-lo, e passa a ser linguagem comum, alimento de debate e de inovação. Uma linguagem bela, profundamente errada é certo, mas universal.
A constatação de que errar é humano, faz-me acreditar que tudo o que fazemos é belo, tanto mais quanto mais errado for, desde que o não façamos por mal. É divina a nossa acção no mundo. Compraz-me que este exercício possa ser o erro que me tolha, porém palpita-me que errei, e acertei assim na impureza do hediondo, imperfeito, maléfico, intencional, desumano.
As certezas são sempre terríveis, ímpias, como os sonhos dos inocentes.
Sei o que me apetecia, talvez por isso: escrever tudo cheio de erros. Escrever num código só meu. Desculpa triste, escrevo sempre num código só meu. Tudo cheio de erros. Gosto dos meus erros, são sintoma de liberdade quando não tenho medo deles. Depois refinam-se e passam despercebidos. Como quem acha uma nota no chão e lhe põe um pé em cima. "Devolve-se a quem provar pertencer-lhe". Olha-se para um lado e para o outro, a medir a humidade, a ver aquela nuvem mais escura e a criar a ideia de que vem aí chuva, passageira.
Depois deixa-se cair a chave. Plim. Arrebanha-se tudo, a fazer valer o dobrar da espinha. O gesto refinado, a não admitir o erro. Do outro lado o Sol, as caras cinzentas, incapazes de ouvir um plim. "Afinal pertence-me a mim". Os olhos vagueiam para a noite, a desejar o sonho ímpio dos inocentes, todos errados. A inocência perde-se quando se eliminam os erros. Passa-se a ser um sequaz do justiceiro, cheio de certezas e dedos espetados. Perde-se a misericórdia. Perde-se a noção do belo.
O belo em si é um erro, perfeito, como é qualquer erro, capaz de nos fazer virar a cabeça e perder a noção da realidade, essa coisa que não se compadece com erros, que nos impele sempre para a imperfeição da posição irrefutável, mas sempre à mercê da imensidão do que não dominamos, a excepção fundamental que confirma a regra, esse erro abrupto que nos oprime qualquer certeza. O belo é imerecido porque é um erro supremo que ninguém merece, por ter sempre alguma certeza, até isso justifica a sua essência errada e errática.
O erro não é intencional, ao contrário do mal que nunca é um erro. O mal é uma escolha, mais ou menos reflectida, mas nunca um erro. No entanto, erradamente, condenamos o erro quando deveríamos condenar o mal. O verdadeiro erro pode ser fruto de incompetência, distracção, incontinência, desmesura. Quando toleramos a génese, admitimos que fundamente a causa, mas apesar disso continuamos a condenar aquilo que inicialmente admitímos, sem querermos ver que deveria ser a verdadeira causa a perseguida. Assim, andamos com medo de errar, tentando fazer tudo certo ainda que mal.
Tememos a revelação dos nossos erros, pela injustiça do seu julgamento. Só poderemos ser livres quando nos exprimirmos por erros sinceros, pleonasmo; num código individual, imperceptível até que se refine, nessa altura compreendemo-lo, e passa a ser linguagem comum, alimento de debate e de inovação. Uma linguagem bela, profundamente errada é certo, mas universal.
A constatação de que errar é humano, faz-me acreditar que tudo o que fazemos é belo, tanto mais quanto mais errado for, desde que o não façamos por mal. É divina a nossa acção no mundo. Compraz-me que este exercício possa ser o erro que me tolha, porém palpita-me que errei, e acertei assim na impureza do hediondo, imperfeito, maléfico, intencional, desumano.
As certezas são sempre terríveis, ímpias, como os sonhos dos inocentes.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Então o que é que tens feito? Manual do utilizador.
Sempre preocupado com a vossa qualidade de vida mental, este vosso amigo espraia mais uma vez algumas instruções para lidarem com as grandes questões do universo e, porque não dize-lo, do mundo.
Se os três são positivos, então podemos ter ali conversa para uma hora.
Se os três são negativos então, a não ser que se trate da vossa apresentação periódica numa qualquer esquadra, não há motivo para haver conversa.
E quando vocês me perguntam a mim o que tenho feito, podem tentar adivinhar em qual das categorias se encaixa a minha resposta.
Então o que é que tens feito? A dada altura, já toda a gente ouviu esta pergunta milenar, até Jesus quando estava na cruz com os dois ladrões. Tirando um ou dois personagens que insistem em responder “Nada, compro tudo já feito”, a resposta depende sempre do trio de factores: conteúdo, tempo e interlocutor.
Se há conteúdo e tempo, mas não há interlocutor de jeito, então qualquer coisa como “Ah, sabes como é” e duas ou três generalidades costumam servir.
Se há conteúdo e um interlocutor de jeito, mas não há tempo, a opção mais corriqueira é “Epá, nem imaginas. Depois conto-te tudo”. Normalmente, este depois transforma-se numa combinação em que existam os três factores positivos.
Se há tempo e um interlocutor decentes, mas não há conteúdo pode dar-se a grande inversão “Não se passa muito e tu, que tens feito?”.
Se só há tempo, mas não há conteúdo nem interlocutor à altura, normalmente desliga-se e uma dose de “Hum Hum, Han, Han” costumam dar para os gastos, enquanto o interlocutor faz as despesas.
Se só há conteúdo, mas não há tempo nem interlocutor de jeito, o normal é “Epá, nem imaginas. Depois conto-te tudo”. Normalmente, este depois transforma-se obviamente num nunca.
Se só há um interlocutor amistoso, mas não há sequer tempo ou conteúdo, é comum o uso de interjeições, caretas, semi-expressões e coisas que não querem dizer coisa nenhuma, mas permitem deixar os outros na dúvida.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
O melhor.
Ser-se o melhor do Mundo. Não é facil mas deve ser uma sensação e tanto. Acho sobretudo que para chegar lá é preciso estar bem preparado.
Estamos demasiado habituados à mediocridade, ao mediano. Temos sempre termos de comparação para a esquerda e para a direita e para cima e para baixo.
O melhor perde esses azimutes.
Depois de se ser o melhor só se pode decair, o que é uma sensação má. Resta-nos viver na melancolia das recordações, polir as medalhas, contar as proezas aos netos e ganhar umas curvas de cintura.
Mesmo o mais egocêntrico dos mortais não passa sem esses paralelismos. Olha o mundo à sua volta e estabelece os seus padrões. Diferente é ser "O Padrão".
Há de facto uma coisa em que sou o melhor do Mundo. Claro que tinha que me vangloriar, não é fácil carregar este peso. Confesso sem modéstia que sou o melhor do Mundo a ser eu próprio.
Qual Cristiano Ronaldo? Qual Michael Phelps e as suas brocas? Ninguém conseguiria viver comigo como eu. Aprecio como ninguém o bem-estar dos copos que bebo e saro como me apraz as mazelas dos trambolhões que consequentemente dou.
É nesta medida que posso avaliar o que sente um verdadeiro campeão. A luta diária por manter a pontuação, o tiro certeiro em cada prova, o pisar do travão na curva certa, as lágrimas dos piores momentos, o cortar da meta em primeiro lugar -mesmo que não tenha conseguido alcançar os outros concorrentes- é que mesmo aí, na recta final, ninguém se deixa ultrapassar por mim como eu próprio.
E as tolices que me vejo a fazer para conseguir chegar onde chego... Ah! Tantas coisas para contar...
Garanto que se todos me considerarem uma desgraça, ainda assim, ninguém se sentirá mais desgraçado do que eu.
Mas vibro em cada campeonato. Com medo constante que alguém ouse tirar-me os louros e me faça sentir a inveja de saber que esse alguém seria um "eu" muito melhor, com os meus defeitos, as minhas limitações, as minhas parvoíces. E ganhar a medalha por isso...
Agora que estou lá, só me falta mesmo encarar a minha decadência. Não é fácil, digo-vos.
Estamos demasiado habituados à mediocridade, ao mediano. Temos sempre termos de comparação para a esquerda e para a direita e para cima e para baixo.
O melhor perde esses azimutes.
Depois de se ser o melhor só se pode decair, o que é uma sensação má. Resta-nos viver na melancolia das recordações, polir as medalhas, contar as proezas aos netos e ganhar umas curvas de cintura.
Mesmo o mais egocêntrico dos mortais não passa sem esses paralelismos. Olha o mundo à sua volta e estabelece os seus padrões. Diferente é ser "O Padrão".
Há de facto uma coisa em que sou o melhor do Mundo. Claro que tinha que me vangloriar, não é fácil carregar este peso. Confesso sem modéstia que sou o melhor do Mundo a ser eu próprio.
Qual Cristiano Ronaldo? Qual Michael Phelps e as suas brocas? Ninguém conseguiria viver comigo como eu. Aprecio como ninguém o bem-estar dos copos que bebo e saro como me apraz as mazelas dos trambolhões que consequentemente dou.
É nesta medida que posso avaliar o que sente um verdadeiro campeão. A luta diária por manter a pontuação, o tiro certeiro em cada prova, o pisar do travão na curva certa, as lágrimas dos piores momentos, o cortar da meta em primeiro lugar -mesmo que não tenha conseguido alcançar os outros concorrentes- é que mesmo aí, na recta final, ninguém se deixa ultrapassar por mim como eu próprio.
E as tolices que me vejo a fazer para conseguir chegar onde chego... Ah! Tantas coisas para contar...
Garanto que se todos me considerarem uma desgraça, ainda assim, ninguém se sentirá mais desgraçado do que eu.
Mas vibro em cada campeonato. Com medo constante que alguém ouse tirar-me os louros e me faça sentir a inveja de saber que esse alguém seria um "eu" muito melhor, com os meus defeitos, as minhas limitações, as minhas parvoíces. E ganhar a medalha por isso...
Agora que estou lá, só me falta mesmo encarar a minha decadência. Não é fácil, digo-vos.
terça-feira, 5 de junho de 2012
A propósito de entender as mulheres... um bocadinho apenas.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Duas espécies.
Domingo. Sol com fartura e muito para lá das previsões. Uma banda reggae sem pretensões mas acima das expectativas. Tínhamos chegado cedo. Deu para escolher o melhor sítio e depois mudar para outro ainda melhor. Deu para tudo. Para sentir o cheiro das árvores. Da ganza que se fumava ali à volta. Deu para falar de nada com quem não se conhecia. Deu para confiar "Olha aí por isto um bocado que vou só ali buscar mais uma". Deu para parar. Deu para as ver a brincar sem quererem parar. Deu para olhar. Deu para perceber que olhando para mim isto até nem vai mal. Há um caminho. O meu. Mas há mais. Não são os meus. Deu para perceber que existem duas espécies de homens. Nunca escrevo em papel. Não gosto e a minha letra é horrível. Nem eu a percebo. Mas ontem gostava de ter podido escrever tudo isto. Tinha-me saído melhor de certeza.
Há duas espécies de Homens: os que lêem e os que criam.
Houve um livro que quis ler e não li. Odiei-o, não o compreendi. Quase obliterei o autor nesse dia, mas degredei-o por anos. Ele um génio, eu imbecil. Depois percebi, faltava-me tempo e caminho. Ofereci esse livro, que ainda temo, por altura da minha incompetência. Nunca voltei a tentá-lo. Optei por outros e hoje, esse autor que desdenhei, quero que viva para sempre, por ser um dos meus favoritos.
Porque há duas espécies de Homens: os que se arrependem e os que nunca reconsideram.
Durante anos temi pegar numa caneta. Quanto mais lia mais evitava. Deixei de ler. Restaram as memórias obscuras da minha realidade singela, exígua, perante a imensidão de clarividência alheia que me assombrava de fora. Assisti impávido à vida dos outros, como livros abertos que me desinteressavam, as suas realidades exóticas, os seus feitos excêntricos, apontamentos publicitários de uma existência que desconheço. Incompreendido, por não saber copiar, pesaram-me os olhares que sustentei de reprovação e calúnia. O medo de reproduzir assolava-me com frequência, a insónia dominava-me por vezes, pelo temor de não conseguir recordar o que era incapaz de redigir.
Porque há duas espécies de Homens: os valentes e os cobardes.
Compreendi que, para ter memórias, não precisava de ler; precisava de ter vivido. Deixei-me então levar sem resistir. As mentiras em que me refugiei faziam acreditar que vivia. A honestidade tem implícitos a resistência, o exemplo, a discórdia, a acção. Todos incapacidades que assumi, inocentemente, com frequência. Infiel a mim próprio, percorri caminhos paralelos ao traçado que deveria ser o meu, alguns sem retorno.
Porque há duas espécies de Homens: os leais e os que mentem.
Fui comandante inepto, subalterno de incompetentes e servidor de incapazes; nem sempre por esta ordem. Corrompi-me a construir destinos que, por simpatia apenas, construíam o meu. Perdi batalhas e guerras, das que venci não me restou particular orgulho, por não serem maioritariamente minhas; das outras não há registos que me socorram.
Porque há duas espécies de Homens: os que montam e os que se deixam montar.
A cedência a paixões, fraqueza congénita, condenou-me por fim a aceitar o meu destino. A medo encetei um livro e li-o em desespero. A dificuldade de lidar com os conceitos, de voltar a apreender o alheio, o medo do regresso à intrusão na essência de alguém, fui-os dizimando em parágrafos, páginas, capítulos. Entreguei-me por fim, como quem reconhece uma amante e a beija com fervor, sequioso, após anos de contenção. Voltei a temer perder a escrita outra vez.
Porque há duas espécies de Homens: os que amam e os que só conhecem o desdém.
Descuro com frequência os interesses que não me interessam, sinto-me um pária também, por vezes; mas os que me interessam persigo-os com fervor, sem esperança na conquista de adeptos para a minha causa. Uma tenacidade invisível mas indelével impele-me como um instinto, por vezes para o abismo, destino que pelo meu egoísmo atinjo sozinho.
Porque há duas espécies de Homens: os que vivem e os que vão morrendo.
Gosto de caminhar na areia húmida, onde as ondas se abatem; ver essa força imensa recear os meus passos e recuar perante a minha insignificância. Uns dias sou da terra, noutros sou das águas, nestes chego a acreditar que é a terra que me teme e que me deixará cavalgá-la eternamente; é nos outros que reconheço como estou enganado.
Porque há duas espécies de Homens: os que escutam o mar num búzio e os que recolhem búzios no mar.
Por haver apenas duas espécies de Homens, e não me enquadrar em nenhuma, suspeito que poderei ser afinal o único cromo desta caderneta; um exemplar de uma terceira espécie, em vias de extinção mas sem protector que me valha.
Há duas espécies de Homens: os que lêem e os que criam.
Houve um livro que quis ler e não li. Odiei-o, não o compreendi. Quase obliterei o autor nesse dia, mas degredei-o por anos. Ele um génio, eu imbecil. Depois percebi, faltava-me tempo e caminho. Ofereci esse livro, que ainda temo, por altura da minha incompetência. Nunca voltei a tentá-lo. Optei por outros e hoje, esse autor que desdenhei, quero que viva para sempre, por ser um dos meus favoritos.
Porque há duas espécies de Homens: os que se arrependem e os que nunca reconsideram.
Durante anos temi pegar numa caneta. Quanto mais lia mais evitava. Deixei de ler. Restaram as memórias obscuras da minha realidade singela, exígua, perante a imensidão de clarividência alheia que me assombrava de fora. Assisti impávido à vida dos outros, como livros abertos que me desinteressavam, as suas realidades exóticas, os seus feitos excêntricos, apontamentos publicitários de uma existência que desconheço. Incompreendido, por não saber copiar, pesaram-me os olhares que sustentei de reprovação e calúnia. O medo de reproduzir assolava-me com frequência, a insónia dominava-me por vezes, pelo temor de não conseguir recordar o que era incapaz de redigir.
Porque há duas espécies de Homens: os valentes e os cobardes.
Compreendi que, para ter memórias, não precisava de ler; precisava de ter vivido. Deixei-me então levar sem resistir. As mentiras em que me refugiei faziam acreditar que vivia. A honestidade tem implícitos a resistência, o exemplo, a discórdia, a acção. Todos incapacidades que assumi, inocentemente, com frequência. Infiel a mim próprio, percorri caminhos paralelos ao traçado que deveria ser o meu, alguns sem retorno.
Porque há duas espécies de Homens: os leais e os que mentem.
Fui comandante inepto, subalterno de incompetentes e servidor de incapazes; nem sempre por esta ordem. Corrompi-me a construir destinos que, por simpatia apenas, construíam o meu. Perdi batalhas e guerras, das que venci não me restou particular orgulho, por não serem maioritariamente minhas; das outras não há registos que me socorram.
Porque há duas espécies de Homens: os que montam e os que se deixam montar.
A cedência a paixões, fraqueza congénita, condenou-me por fim a aceitar o meu destino. A medo encetei um livro e li-o em desespero. A dificuldade de lidar com os conceitos, de voltar a apreender o alheio, o medo do regresso à intrusão na essência de alguém, fui-os dizimando em parágrafos, páginas, capítulos. Entreguei-me por fim, como quem reconhece uma amante e a beija com fervor, sequioso, após anos de contenção. Voltei a temer perder a escrita outra vez.
Porque há duas espécies de Homens: os que amam e os que só conhecem o desdém.
Descuro com frequência os interesses que não me interessam, sinto-me um pária também, por vezes; mas os que me interessam persigo-os com fervor, sem esperança na conquista de adeptos para a minha causa. Uma tenacidade invisível mas indelével impele-me como um instinto, por vezes para o abismo, destino que pelo meu egoísmo atinjo sozinho.
Porque há duas espécies de Homens: os que vivem e os que vão morrendo.
Gosto de caminhar na areia húmida, onde as ondas se abatem; ver essa força imensa recear os meus passos e recuar perante a minha insignificância. Uns dias sou da terra, noutros sou das águas, nestes chego a acreditar que é a terra que me teme e que me deixará cavalgá-la eternamente; é nos outros que reconheço como estou enganado.
Porque há duas espécies de Homens: os que escutam o mar num búzio e os que recolhem búzios no mar.
Por haver apenas duas espécies de Homens, e não me enquadrar em nenhuma, suspeito que poderei ser afinal o único cromo desta caderneta; um exemplar de uma terceira espécie, em vias de extinção mas sem protector que me valha.
(Algures na Baixa - Lisboa)
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Sobreiros e seus rebentos.
Depois de durante o dia de ontem, que como reparam me ausentei por motivos climatéricos (Esta foi a justificação que enviei por email aos colaboradores do estaminé. Perguntaram-me assim a medo "Climatéricas?" e eu"Sim. Vai estar um calor do caraças e vou ter uma série de reuniões em Fuente del Tellón." Acho que não chegaram lá. Pelo menos hoje ainda não me disseram nada), um dos assuntos que debati com a minha companhia foi sobre os Azeitonas. Não desgosto, sinceramente. Acho que se ouve benzinho mas não acho nada de especial. Aliás, tudo o que se mantenha constantemente numa batida assim para o óbvio, desinteressa-me. E depois a letra do "Anda comigo ver os aviões" e tal... Num momento de rara inspiração (que também os tenho) desmontei um bocado aquela coisa e disse-lhe. Não venhas comigo ver os aviões, vai por mim, aquilo é uma maçada, o cheiro a
jet-fuel a entrar-te pelas narinas acima, o barulho, céus, o barulho, nem no
pior pesadelo me passaria pela cabeça convidar-te a vir comigo ver os aviões,
agora, se quiseres mesmo vir comigo, havia de te levar ao Lhardy, ali à Puerta
del Sol, havias de gostar do cocido e do solomillo, muito mais do que se eu te
levasse a isso de ver os aviões. Olhou para mim, a sorrir, e sentenciou "Estúpido."
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