"(...) a maravilha que deve ser
escrever um livro: a invenção dentro da memória; a memória dentro da invenção; e
toda essa cavalgada de uma grande fuga, todo esse prodígio de umas poligâmicas
núpcias, secretas e arrebatadas, com a feminina multidão das palavras: as que se
entregam, as que se esquivam; as que é preciso perseguir, seduzir, ludibriar; as
que por fim se deixam capturar, palpar, despir, penetrar e sorver, assim
proporcionado, antes de se evaporarem, as horas supremas de um amor feliz. Não
há matéria mais carnalmente incorpórea; nem outra mais disposta a por amor ser
fecundada."
(David Mourão Ferreira)
Como se pode interpretar
de outro modo esse velho lugar-comum de ter um filho, plantar uma árvore,
escrever um livro? Só se em todos os casos se tratar de grandes e inevitáveis
actos de amor: com a Mulher, com a Terra, com a Língua. Mas de plantar árvores e
ter filhos haverá sempre muita gente que se encarregue. De destruir árvores
também; de estragar filhos igualmente. Em compensação, um livro, um livro que
viva, multiplicado, durante alguns anos ou alguns séculos, e que depois vá
morrendo, sem ninguém dar por isso, mas nunca de uma só vez, até ser enterrado
na maior discrição ou até se ver de súbito renascido, inesperadamente
ressuscitado, um livro com semelhante destino - luminoso por mais obscuro,
obscuro por mais luminoso -, isto é que foi sempre o que me empolgou. E é por isto que este passo de treino e aprendizagem que é este blog culminou o seu percurso. Agora está na altura de outro. Vou empolgar-me de certeza. Vemo-nos um dia destes noutro sítio. Hasta.
O factor Q
Uns têm, outros não. “You only grow when you are alone.” Paul Newman 26/01/1925 - 26/09/2008.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
The Soul Whisperer.
"Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida"
António Gedeão
O encantador de almas alimenta-se de sonhos. Atordoa-os com músicas celestiais invisíveis e ceifa-os para sempre dos vastos campos, não os deixando crescer e voar. Dizem que se veste da noite e tem a brancura inóspita da lua nos seus cabelos. Penso que nunca ninguém o viu mas consta que os tritura num círculo perfeito. Da medida do ser. Reduz a sua essência a um pó mágico. Brilhante, com que alimenta o ego. Cuidado com os seus encantos e preces derrotistas. Protejam bem os vossos sonhos e não desistam há primeira pois o encantador de almas vai sempre voltar.
António Gedeão
O encantador de almas alimenta-se de sonhos. Atordoa-os com músicas celestiais invisíveis e ceifa-os para sempre dos vastos campos, não os deixando crescer e voar. Dizem que se veste da noite e tem a brancura inóspita da lua nos seus cabelos. Penso que nunca ninguém o viu mas consta que os tritura num círculo perfeito. Da medida do ser. Reduz a sua essência a um pó mágico. Brilhante, com que alimenta o ego. Cuidado com os seus encantos e preces derrotistas. Protejam bem os vossos sonhos e não desistam há primeira pois o encantador de almas vai sempre voltar.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Paradoxo.
Comunicamos de quatro formas: com palavras, com entoação, com expressões e com
silêncios. De todas elas as palavras são as que menos comunicam e as que mais
conseguem ser falsas ou imprecisas. É a razão porque um bom livro deveria sempre
conseguir ser acompanhado de alguns quadros ou fotografias, barulhos, músicas e
oscilações. Mesmo que mínimas. Uma espécie de ondulação. Percebem? Possuir
páginas em branco, olhares, poros e muitas respirações. Mas a comunicação para o
ser verdadeiramente exige um reflexo. Uma metamorfose no ir e voltar. Um toque
ou afago que se estende, para lá de nós. Contagiando. Gerando uma acção ou
comportamento. É essa a magia da comunicação. A sua pluralidade (não podemos
comunicar sozinhos) e imprevisibilidade.
E tu és imprevísivel. Nunca sei quando acerto. E acho mesmo que nunca comseguirei penetrar na tua carapaça. E bem que tento...
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Objectivos.
Até aqui há uns tempos atrás, tinha três objectivos de vida muito claramente
definidos: ser rico, ser rico e ser rico. Obviamente que se por acaso no
decorrer do cumprimento desses objectivos encontrasse uma mulher de quem
gostasse e que estivesse na disposição de ter 4 filhos, óptimo.
Bom, passa-se que entretanto cresci, corri muito mundo, conheci muitas pessoas, e a minha lista de objectivos foi profundamente remodelada.
Agora quero ser rico, ser rico e ter um Maserati, depressa.
Bom, passa-se que entretanto cresci, corri muito mundo, conheci muitas pessoas, e a minha lista de objectivos foi profundamente remodelada.
Agora quero ser rico, ser rico e ter um Maserati, depressa.
(Maseratti Quattroporte Sport GT... e a menina também pois parece-me assim a modos que perdida...)
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Ando a juntar para isto.
Why Wally Hermès Yacht
by
Luca Antivari & Pierre-Alexis Dumas
Pedaço de terra flutuante, ilha em movimento,
liberdade, paisagem, paz.
Mar adentro, mar adentro...
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Faz um ano.
O que complica a nossa condição de seres humanos, é a nossa capacidade de
pensar, de sentir, de pensar o sentir e sentir o pensar. Também é isso que nos
torna humanos. Pelo menos a alguns de nós. Não agirmos sempre como confirmação
do reflexo pavloviano de causa-efeito. Não fosse este pequeno pormenor, e tudo
seria mais fácil.
Delete implica apagar. Fazer desaparecer. Excepto quando carregamos na tecla por engano, é uma acto deliberado. Seleccionamos o que queremos apagar e apagamos. Se foi por engano que o fizemos, vamos à reciclagem. De outra forma, vamos à reciclagem e eliminamo-lo para sempre. Até porque a reciclagem começa a encher, a memória a ficar cheia de informação que não interessa, e o computador a ficar mais lento.
Se o reset implica esperança, o delete implica perda. Se o reset significa que, embora seja para ficar arquivado, queremos fazê-lo porque queremos guardar na memória aquela página, não queremos perder o seu significado, o delete significa que nada ficou.
Reset? Delete? Hesitamos muitas vezes. Não gosto do delete. Não gosto mesmo nada. Mas se ele existe, é por algum motivo, digo eu. Talvez a vida precise mesmo de um botão Delete. De qualquer forma, este domingo vou-lhe lá dar mais um abraço e desconversar como era costume. Faz um ano. Passou a correr...
A informática,
por exemplo, é complexa. Não a minha informática, claro, mas a informática dos
génios que elaboram os programas e descobrem estas coisas todas que depois nós
só usamos. Mas, dizem, é simples. Linguagem matemática. Há duas funções no
computador que, embora por vezes tenham o mesmo efeito, são completamente
diferentes. Reset e Delete.
Reset
implica recomeçar. Quando o computador bloqueia, quando lhe dá um vaipezito,
quando tem actualizações a fazer. Por vezes fazemos reset
voluntariamente, por vezes não temos opção. Mas fazemo-lo sempre com a esperança
que o que fizemos, o que estávamos a fazer, não desapareça da memória do
computador. Rezamos aos santinhos todos para que aquele trabalhinho não tenha
desaparecido. Enquanto ele recomeça, ficamos de olhos pregados ao écran e
suspiramos de alívio quando o trabalho se salvou. Porque, embora tenhamos que
recomeçar, queremos guardar o que fizemos.Delete implica apagar. Fazer desaparecer. Excepto quando carregamos na tecla por engano, é uma acto deliberado. Seleccionamos o que queremos apagar e apagamos. Se foi por engano que o fizemos, vamos à reciclagem. De outra forma, vamos à reciclagem e eliminamo-lo para sempre. Até porque a reciclagem começa a encher, a memória a ficar cheia de informação que não interessa, e o computador a ficar mais lento.
Se o reset implica esperança, o delete implica perda. Se o reset significa que, embora seja para ficar arquivado, queremos fazê-lo porque queremos guardar na memória aquela página, não queremos perder o seu significado, o delete significa que nada ficou.
Reset? Delete? Hesitamos muitas vezes. Não gosto do delete. Não gosto mesmo nada. Mas se ele existe, é por algum motivo, digo eu. Talvez a vida precise mesmo de um botão Delete. De qualquer forma, este domingo vou-lhe lá dar mais um abraço e desconversar como era costume. Faz um ano. Passou a correr...
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