A informática,
por exemplo, é complexa. Não a minha informática, claro, mas a informática dos
génios que elaboram os programas e descobrem estas coisas todas que depois nós
só usamos. Mas, dizem, é simples. Linguagem matemática. Há duas funções no
computador que, embora por vezes tenham o mesmo efeito, são completamente
diferentes. Reset e Delete.
Reset
implica recomeçar. Quando o computador bloqueia, quando lhe dá um vaipezito,
quando tem actualizações a fazer. Por vezes fazemos reset
voluntariamente, por vezes não temos opção. Mas fazemo-lo sempre com a esperança
que o que fizemos, o que estávamos a fazer, não desapareça da memória do
computador. Rezamos aos santinhos todos para que aquele trabalhinho não tenha
desaparecido. Enquanto ele recomeça, ficamos de olhos pregados ao écran e
suspiramos de alívio quando o trabalho se salvou. Porque, embora tenhamos que
recomeçar, queremos guardar o que fizemos.Delete implica apagar. Fazer desaparecer. Excepto quando carregamos na tecla por engano, é uma acto deliberado. Seleccionamos o que queremos apagar e apagamos. Se foi por engano que o fizemos, vamos à reciclagem. De outra forma, vamos à reciclagem e eliminamo-lo para sempre. Até porque a reciclagem começa a encher, a memória a ficar cheia de informação que não interessa, e o computador a ficar mais lento.
Se o reset implica esperança, o delete implica perda. Se o reset significa que, embora seja para ficar arquivado, queremos fazê-lo porque queremos guardar na memória aquela página, não queremos perder o seu significado, o delete significa que nada ficou.
Reset? Delete? Hesitamos muitas vezes. Não gosto do delete. Não gosto mesmo nada. Mas se ele existe, é por algum motivo, digo eu. Talvez a vida precise mesmo de um botão Delete. De qualquer forma, este domingo vou-lhe lá dar mais um abraço e desconversar como era costume. Faz um ano. Passou a correr...
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