"(...) a maravilha que deve ser
escrever um livro: a invenção dentro da memória; a memória dentro da invenção; e
toda essa cavalgada de uma grande fuga, todo esse prodígio de umas poligâmicas
núpcias, secretas e arrebatadas, com a feminina multidão das palavras: as que se
entregam, as que se esquivam; as que é preciso perseguir, seduzir, ludibriar; as
que por fim se deixam capturar, palpar, despir, penetrar e sorver, assim
proporcionado, antes de se evaporarem, as horas supremas de um amor feliz. Não
há matéria mais carnalmente incorpórea; nem outra mais disposta a por amor ser
fecundada."
(David Mourão Ferreira)
Como se pode interpretar
de outro modo esse velho lugar-comum de ter um filho, plantar uma árvore,
escrever um livro? Só se em todos os casos se tratar de grandes e inevitáveis
actos de amor: com a Mulher, com a Terra, com a Língua. Mas de plantar árvores e
ter filhos haverá sempre muita gente que se encarregue. De destruir árvores
também; de estragar filhos igualmente. Em compensação, um livro, um livro que
viva, multiplicado, durante alguns anos ou alguns séculos, e que depois vá
morrendo, sem ninguém dar por isso, mas nunca de uma só vez, até ser enterrado
na maior discrição ou até se ver de súbito renascido, inesperadamente
ressuscitado, um livro com semelhante destino - luminoso por mais obscuro,
obscuro por mais luminoso -, isto é que foi sempre o que me empolgou. E é por isto que este passo de treino e aprendizagem que é este blog culminou o seu percurso. Agora está na altura de outro. Vou empolgar-me de certeza. Vemo-nos um dia destes noutro sítio. Hasta.
Uns têm, outros não. “You only grow when you are alone.” Paul Newman 26/01/1925 - 26/09/2008.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
The Soul Whisperer.
"Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida"
António Gedeão
O encantador de almas alimenta-se de sonhos. Atordoa-os com músicas celestiais invisíveis e ceifa-os para sempre dos vastos campos, não os deixando crescer e voar. Dizem que se veste da noite e tem a brancura inóspita da lua nos seus cabelos. Penso que nunca ninguém o viu mas consta que os tritura num círculo perfeito. Da medida do ser. Reduz a sua essência a um pó mágico. Brilhante, com que alimenta o ego. Cuidado com os seus encantos e preces derrotistas. Protejam bem os vossos sonhos e não desistam há primeira pois o encantador de almas vai sempre voltar.
António Gedeão
O encantador de almas alimenta-se de sonhos. Atordoa-os com músicas celestiais invisíveis e ceifa-os para sempre dos vastos campos, não os deixando crescer e voar. Dizem que se veste da noite e tem a brancura inóspita da lua nos seus cabelos. Penso que nunca ninguém o viu mas consta que os tritura num círculo perfeito. Da medida do ser. Reduz a sua essência a um pó mágico. Brilhante, com que alimenta o ego. Cuidado com os seus encantos e preces derrotistas. Protejam bem os vossos sonhos e não desistam há primeira pois o encantador de almas vai sempre voltar.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Paradoxo.
Comunicamos de quatro formas: com palavras, com entoação, com expressões e com
silêncios. De todas elas as palavras são as que menos comunicam e as que mais
conseguem ser falsas ou imprecisas. É a razão porque um bom livro deveria sempre
conseguir ser acompanhado de alguns quadros ou fotografias, barulhos, músicas e
oscilações. Mesmo que mínimas. Uma espécie de ondulação. Percebem? Possuir
páginas em branco, olhares, poros e muitas respirações. Mas a comunicação para o
ser verdadeiramente exige um reflexo. Uma metamorfose no ir e voltar. Um toque
ou afago que se estende, para lá de nós. Contagiando. Gerando uma acção ou
comportamento. É essa a magia da comunicação. A sua pluralidade (não podemos
comunicar sozinhos) e imprevisibilidade.
E tu és imprevísivel. Nunca sei quando acerto. E acho mesmo que nunca comseguirei penetrar na tua carapaça. E bem que tento...
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Objectivos.
Até aqui há uns tempos atrás, tinha três objectivos de vida muito claramente
definidos: ser rico, ser rico e ser rico. Obviamente que se por acaso no
decorrer do cumprimento desses objectivos encontrasse uma mulher de quem
gostasse e que estivesse na disposição de ter 4 filhos, óptimo.
Bom, passa-se que entretanto cresci, corri muito mundo, conheci muitas pessoas, e a minha lista de objectivos foi profundamente remodelada.
Agora quero ser rico, ser rico e ter um Maserati, depressa.
Bom, passa-se que entretanto cresci, corri muito mundo, conheci muitas pessoas, e a minha lista de objectivos foi profundamente remodelada.
Agora quero ser rico, ser rico e ter um Maserati, depressa.
(Maseratti Quattroporte Sport GT... e a menina também pois parece-me assim a modos que perdida...)
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Ando a juntar para isto.
Why Wally Hermès Yacht
by
Luca Antivari & Pierre-Alexis Dumas
Pedaço de terra flutuante, ilha em movimento,
liberdade, paisagem, paz.
Mar adentro, mar adentro...
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Faz um ano.
O que complica a nossa condição de seres humanos, é a nossa capacidade de
pensar, de sentir, de pensar o sentir e sentir o pensar. Também é isso que nos
torna humanos. Pelo menos a alguns de nós. Não agirmos sempre como confirmação
do reflexo pavloviano de causa-efeito. Não fosse este pequeno pormenor, e tudo
seria mais fácil.
Delete implica apagar. Fazer desaparecer. Excepto quando carregamos na tecla por engano, é uma acto deliberado. Seleccionamos o que queremos apagar e apagamos. Se foi por engano que o fizemos, vamos à reciclagem. De outra forma, vamos à reciclagem e eliminamo-lo para sempre. Até porque a reciclagem começa a encher, a memória a ficar cheia de informação que não interessa, e o computador a ficar mais lento.
Se o reset implica esperança, o delete implica perda. Se o reset significa que, embora seja para ficar arquivado, queremos fazê-lo porque queremos guardar na memória aquela página, não queremos perder o seu significado, o delete significa que nada ficou.
Reset? Delete? Hesitamos muitas vezes. Não gosto do delete. Não gosto mesmo nada. Mas se ele existe, é por algum motivo, digo eu. Talvez a vida precise mesmo de um botão Delete. De qualquer forma, este domingo vou-lhe lá dar mais um abraço e desconversar como era costume. Faz um ano. Passou a correr...
A informática,
por exemplo, é complexa. Não a minha informática, claro, mas a informática dos
génios que elaboram os programas e descobrem estas coisas todas que depois nós
só usamos. Mas, dizem, é simples. Linguagem matemática. Há duas funções no
computador que, embora por vezes tenham o mesmo efeito, são completamente
diferentes. Reset e Delete.
Reset
implica recomeçar. Quando o computador bloqueia, quando lhe dá um vaipezito,
quando tem actualizações a fazer. Por vezes fazemos reset
voluntariamente, por vezes não temos opção. Mas fazemo-lo sempre com a esperança
que o que fizemos, o que estávamos a fazer, não desapareça da memória do
computador. Rezamos aos santinhos todos para que aquele trabalhinho não tenha
desaparecido. Enquanto ele recomeça, ficamos de olhos pregados ao écran e
suspiramos de alívio quando o trabalho se salvou. Porque, embora tenhamos que
recomeçar, queremos guardar o que fizemos.Delete implica apagar. Fazer desaparecer. Excepto quando carregamos na tecla por engano, é uma acto deliberado. Seleccionamos o que queremos apagar e apagamos. Se foi por engano que o fizemos, vamos à reciclagem. De outra forma, vamos à reciclagem e eliminamo-lo para sempre. Até porque a reciclagem começa a encher, a memória a ficar cheia de informação que não interessa, e o computador a ficar mais lento.
Se o reset implica esperança, o delete implica perda. Se o reset significa que, embora seja para ficar arquivado, queremos fazê-lo porque queremos guardar na memória aquela página, não queremos perder o seu significado, o delete significa que nada ficou.
Reset? Delete? Hesitamos muitas vezes. Não gosto do delete. Não gosto mesmo nada. Mas se ele existe, é por algum motivo, digo eu. Talvez a vida precise mesmo de um botão Delete. De qualquer forma, este domingo vou-lhe lá dar mais um abraço e desconversar como era costume. Faz um ano. Passou a correr...
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
E as pessoas que me fazem (ou já não) uma certa confusão.
Por vezes é muito difícil explicar por que as pessoas fazem o que fazem ou são como são.
Muitas vezes chego à conclusão que não há explicações, muito menos explicações
simples. Talvez a vida seja mesmo demasiado complicada. Com tantas, tantas
pessoas no mundo, cada uma com a sua maneira de pensar e de agir, pretender
saber como funciona a sua mente seria impossível. O nosso mundo é
consideravelmente mais pequeno. O meu, pelo menos, é, e há alturas em que
gostava que fosse ainda mais pequeno. Não
me importava nada de não ter de lidar com certas pessoas. Não me compete a mim
julgar. Cada um é como é. Mas tenho o direito de gostar ou não. Assim como os
outros têm o mesmo direito em relação a mim.
Há pessoas que me fazem muita, muita confusão. Mesmo os
meus sentimentos em relação a elas são contraditórios, balançando entre a pena,
a incredulidade, e a repugnância. São pessoas más. Pessoas que destilam ódio por
cada poro do seu corpo. São incapazes, completamente incapazes, de ver alguém
bem, feliz, bonito, bem-disposto. Passeiam o seu ódio por cada corredor, cada
sala, cada pequeno espaço que ocupem. Lê-se esse ódio nos olhos, ouve-se nas
palavras, sente-se nas suas acções. São pessoas amargas, muito amargas.
Pergunto-me se em algum momento se sentirão felizes, e chego à conclusão que
não. É impossível sê-lo quando só se pensa em como tentar prejudicar os outros, em como
lhes roubar a felicidade, a alegria. Como se se pudessem alimentar com a alegria
dos outros. Mas nem é isso que acontece. Não se alimentam com a alegria dos
outros, alimentam-se com a sua tristeza, com a sua infelicidade. Parecem
abutres, esperando o momento certo para desferir o golpe, para aparar o sorriso,
para afogar a auto-estima alheia.
Pergunto-me se isto será determinado genéticamente, se
já nascerão assim, não tendo hipótese de lutar contra os genes. Pergunto-me se a
vida as fez assim. A vida nem sempre é fácil, ou melhor, raramente é fácil, mas
não é fácil para ninguém. É algo tão intrínseco nelas que se calhar é mesmo
genético, como a cor dos olhos e do cabelo. "Sou loiro, tenho olhos
azuis, e só estou bem a pôr os outros em baixo". Isto seria muito
injusto. É só pintar o cabelo e fica-se ruivo, umas lentes transformam os olhos
na cor que se quiser. E o resto, não se pode mudar?
Acho que é impossível ser feliz assim. Daí o sentimento
de pena. Acho que estas pessoas vivem uma vida de constante frustração. São
invejosas, têm inveja da felicidade alheia porque não conseguem ser felizes. As
únicas culpadas são elas próprias, mas não conseguem ver isso. O seu único
objectivo é fazer mal, ofender, criticar, magoar. Pergunto-me se, quando viram
costas, já exibem um sorriso de satisfação ou se esperam até estarem sozinhas,
longe de outros olhares, para brindarem. Sim, porque brindam sozinhas. São tão
amargas que apenas devem beber limonada, não vão correr o risco de adoçar um
bocadinho. Tenho cá para mim que podiam pegar nos limões e, em vez de fazerem
limonada, podiam fazer um belo gin tónico. O resultado seria, seguramente,
melhor.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Pessoas assim...
Por vezes, na vida, encontramos pessoas especiais. Especiais porque não têm nada
de especial, excepto serem elas próprias, e isso faz toda a diferença. São
pessoas que nos tocam, que se tornam parte da nossa vida, sem as quais as coisas
não são iguais. Pessoas que transformam a nossa vida. Pessoas que nos fazem rir.
Pessoas que nos fazem acreditar em nós próprios, que as portas existem para
serem abertas. Pessoas que conhecem os nossos defeitos mas nos aceitam assim.
Pessoas que nos ajudam a melhorar. Pessoas que, quando o nosso mundo está escuro
e vazio, nos trazem um pouco de luz. Pessoas a quem queremos abraçar. Pessoas
bonitas. Pessoas assim, especiais. Quando encontramos pessoas assim, e essas
pessoas são nossas Amigas, o lugar delas é no nosso coração. É onde tu estás.
Sempre. Porque a Amizade não se explica, simplesmente acontece, porque a Amizade
tem nome, o nome dos nossos Amigos. Mesmo quando me magoas muito.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Q quizz: Descubra as diferenças em menos de 30 segundos!!!
Simetria? Novo tipo de arquitectura? Distracção? Esquecimento? Varanda para
pássaros? 3 pacotes de Casal da Eira tinto despachado pelos pedreiros quando fizeram isto?
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Serviço público culinário. Mais uma vez The Q man em vosso auxílio.
Mais uma vez preocupado convosco, pensei que para muitos homens (e algumas mulheres) que saíram há pouco de casa dos pais, as rotinas alimentares entram, sem grande tempo para adaptação, numa fase caótica. Os alimentos que mais facilmente deixam de fazer parte do quotidiano são a sopa e a fruta, precisamente os que mais falta fazem numa alimentação saudável. Já em termos emocionais, o recém-emancipado vê-se privado de bolos e doces. Deixarei a vertente pasteleira para outra oportunidade.
Quanto à fruta, levantem o cu da cadeira, comprem-na e descasquem-na. Nada mais fácil. Já relativamente à sopa, percebo que seja mais complicado, especialmente para quem nunca cozinhou na vida.
Se querem manter a linha, não se podem desleixar com a comida depois de se tornarem independentes! Quem vos aavisa é este vosso amigo sexagenário já com alguma experi~encia em cima do lombo. Por isso, mesmo que não gostem nem de sopa nem de cozinhar, sugiram que façam um esforço, a bem da manutenção das hipóteses de manter uma vida sexual normal. Mesmo para aqueles que já são parte integrante de uma relação duradoura e gratificante, convém ter sempre bom aspecto, pelo sim pelo não. Boas amantes não há por aí a potes.
Vamos lá à receita propriamente dita. Fazer sopa é muito fácil:
Em primeiro lugar, é preciso arranjar uma panela grandalhona. Há que comer sopa todos os dias (pelo menos uma vez), mas cozinhar é chato; por isso, fazê-la todos os dias é burrice. Isso faz com que uma panela grandalhona não seja nenhum erro, apesar de ser só para uma pessoa. Deste modo faz-se logo sopa para mais tempo. Se fosse para uma família inteira, já teria de ser uma panela grande comó caraças, mas neste caso a grandalhona serve.
Depois descascam-se batatas. O volume é conforme a larica. Se forem alarves descascam muitas, se forem piscos, cortam poucas. A batata é a cena geral da sopa. Tem de haver uma cena geral. Há quem faça de cenoura e de abóbora.
Põe-se a panela ao lume com a batata, para cozer e ficar bem molinha. Eu tenho um segredo, que torna a sopa especialmente cremosa, que é juntar água. Vou juntando a olho, até cobrir a batata, e depois vai-se continuando a juntar até acharmos que está fixe. Nunca falha.
A partir daqui, o fazer sopa é tão bonito como reintegrar malta num bairro social. Uma pessoa vai metendo todo o tipo de merdas ao calhas lá para dentro (neste caso da sopa, e não do bairro social, embora também lá vá parar muita) e fazendo experiências. Uma colherzinha de azeite (porque umas gorduras fazem sempre bem, embora não saiba bem a quê; se já tou a gastar tempo a fazer sopa não tenho pachorra para ir ver essa treta da roda dos alimentos e do corpo humano e das vitaminas), um bocadinho de cebola, cogumelos, delícias do mar. Epah, é como eu digo. Desde que os ingredientes sejam bons, também não pode ficar muito mal. Seja um pacote de ervilhas pré-congeladas ou parte do golden retriever da senhoria, desde que tudo seja mexido com carinho, é meio caminho andado para ficar uma sopa mesmo daqui (neste momento tirei as mãos do teclado e agarrei no lóbulo da orelha direita, tendo-o abanado de seguida).
O sal é uma questão de gosto. O que não é uma questão de gosto é, após provar a sopa para ver se precisa de mais uma pitada, voltar a colocar a mesma colher de pau na panela, no caso de sabermos que não vão ser os únicos a comê-la. Está erradíssimo, a menos que tenham muito à vontade com a(s) outra(s) pessoa(s), visto que parte integrante da intimidade é a badalh... isso, a intimidade e tal..
Depois vai-se mexendo. Se tiverem acesso a um portátil com internet de banda larga, o processo de mexer a sopa torna-se mais fácil, se o acompanharem do visionamento de coisas interessantes como por exemplo aquela do agora do Toni a explicar aos jornalistas iranianos porque é que levou mais uma coça e a culpa não é do nº 6 nem do guarda-redes e parece que havia lá um jornalista que já devia estar a dormir ou coisa que o valha.. Fica um creme que é uma maravilha.
Fácil, não acham? Já agora ensino-vos mais um truque meu. A sopa sabe sempre melhor no dia a seguir. Por isso, enquanto a põe no frigorífico, pegam numa saqueta de sopa juliana da Knorr e ficam o assunto resolvido a curto-prazo. Aliás, se vocês não forem parvos, em vez de terem trabalho a fazer sopa, terão carradas de saquetas nos frigorífico que é o que eu faço. Bom fim de semana pessoal.
Quanto à fruta, levantem o cu da cadeira, comprem-na e descasquem-na. Nada mais fácil. Já relativamente à sopa, percebo que seja mais complicado, especialmente para quem nunca cozinhou na vida.
Se querem manter a linha, não se podem desleixar com a comida depois de se tornarem independentes! Quem vos aavisa é este vosso amigo sexagenário já com alguma experi~encia em cima do lombo. Por isso, mesmo que não gostem nem de sopa nem de cozinhar, sugiram que façam um esforço, a bem da manutenção das hipóteses de manter uma vida sexual normal. Mesmo para aqueles que já são parte integrante de uma relação duradoura e gratificante, convém ter sempre bom aspecto, pelo sim pelo não. Boas amantes não há por aí a potes.
Vamos lá à receita propriamente dita. Fazer sopa é muito fácil:
Em primeiro lugar, é preciso arranjar uma panela grandalhona. Há que comer sopa todos os dias (pelo menos uma vez), mas cozinhar é chato; por isso, fazê-la todos os dias é burrice. Isso faz com que uma panela grandalhona não seja nenhum erro, apesar de ser só para uma pessoa. Deste modo faz-se logo sopa para mais tempo. Se fosse para uma família inteira, já teria de ser uma panela grande comó caraças, mas neste caso a grandalhona serve.
Depois descascam-se batatas. O volume é conforme a larica. Se forem alarves descascam muitas, se forem piscos, cortam poucas. A batata é a cena geral da sopa. Tem de haver uma cena geral. Há quem faça de cenoura e de abóbora.
Põe-se a panela ao lume com a batata, para cozer e ficar bem molinha. Eu tenho um segredo, que torna a sopa especialmente cremosa, que é juntar água. Vou juntando a olho, até cobrir a batata, e depois vai-se continuando a juntar até acharmos que está fixe. Nunca falha.
A partir daqui, o fazer sopa é tão bonito como reintegrar malta num bairro social. Uma pessoa vai metendo todo o tipo de merdas ao calhas lá para dentro (neste caso da sopa, e não do bairro social, embora também lá vá parar muita) e fazendo experiências. Uma colherzinha de azeite (porque umas gorduras fazem sempre bem, embora não saiba bem a quê; se já tou a gastar tempo a fazer sopa não tenho pachorra para ir ver essa treta da roda dos alimentos e do corpo humano e das vitaminas), um bocadinho de cebola, cogumelos, delícias do mar. Epah, é como eu digo. Desde que os ingredientes sejam bons, também não pode ficar muito mal. Seja um pacote de ervilhas pré-congeladas ou parte do golden retriever da senhoria, desde que tudo seja mexido com carinho, é meio caminho andado para ficar uma sopa mesmo daqui (neste momento tirei as mãos do teclado e agarrei no lóbulo da orelha direita, tendo-o abanado de seguida).
O sal é uma questão de gosto. O que não é uma questão de gosto é, após provar a sopa para ver se precisa de mais uma pitada, voltar a colocar a mesma colher de pau na panela, no caso de sabermos que não vão ser os únicos a comê-la. Está erradíssimo, a menos que tenham muito à vontade com a(s) outra(s) pessoa(s), visto que parte integrante da intimidade é a badalh... isso, a intimidade e tal..
Depois vai-se mexendo. Se tiverem acesso a um portátil com internet de banda larga, o processo de mexer a sopa torna-se mais fácil, se o acompanharem do visionamento de coisas interessantes como por exemplo aquela do agora do Toni a explicar aos jornalistas iranianos porque é que levou mais uma coça e a culpa não é do nº 6 nem do guarda-redes e parece que havia lá um jornalista que já devia estar a dormir ou coisa que o valha.. Fica um creme que é uma maravilha.
Fácil, não acham? Já agora ensino-vos mais um truque meu. A sopa sabe sempre melhor no dia a seguir. Por isso, enquanto a põe no frigorífico, pegam numa saqueta de sopa juliana da Knorr e ficam o assunto resolvido a curto-prazo. Aliás, se vocês não forem parvos, em vez de terem trabalho a fazer sopa, terão carradas de saquetas nos frigorífico que é o que eu faço. Bom fim de semana pessoal.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Quando caímos...
Quando caímos, das primeiras coisas que
fazemos é tentar perceber porque e como caímos, e avaliar os estragos
resultantes da queda. Não é só o tamanho da queda que é importante. Podemos dar
uma grande queda e escapar sem um arranhão, ou podemos apenas tropeçar e
aleijar-nos a sério. Depende da forma como caímos, da nossa maior ou menor
resistência, do terreno em que aterramos, dos obstáculos que encontramos em
pleno voo descendente. Dependerá também da sorte, talvez.
Muitas vezes não são os grandes
obstáculos que nos fazem cair. Esses, vêem-se à distância, estamos prevenidos
contra eles. Por vezes, podemos até avaliar e ver se vale a pena ou não
dispender tempo e energia a ultrapassá-los, arriscar ferir-nos. Não raramente
são as coisas pequenas que nos fazem cair em grande. São tão pequenas que não as
vemos a não ser quando nos acertam com força, ou quando nós acertamos nelas. Nem
sempre conseguimos equilibrar-nos a tempo e evitar a queda. Caímos,
levantamo-nos, continuamos em frente. Mas nem sempre damos às feridas que daí
resultam a atenção devida. Se os pequenos arranhões não precisam de grandes
cuidados, o mesmo não acontece com as feridas maiores. Deixadas à sua sorte,
podem trazer resultados não esperados. Uma ferida não tratada demora muito mais
a cicatrizar. Quantas vezes parece que está quase curada e a sua crosta cai
porque se encontra desprotegida, e a ferida continua por curar. Porque a
ignoramos. Porque nos queremos mostrar fortes. Porque não queremos admitir mesmo
para nós próprios que ela está ali. Não adianta muito, digo eu, assim como não
adianta comparar as nossas quedas e as nossas feridas com as dos outros.
Ferimo-nos de maneiras diferentes e cicatrizamos de maneira diferente.
Podemos não querer que a ferida
cicatrize, para nos lembrar sempre que não podemos voltar a cair no mesmo sítio,
ou porque gostamos de sofrer, mexendo constantemente na ferida para que
permaneça ali, bem viva. Esta será, talvez, a pior forma.
Podemos esperar que, um dia, a pele
esteja tão calejada que seja qual for a queda, nada lhe acontecerá. Mas, não
será que a pele ao tornar-se assim tão dura não perde também a sensibilidade, a
capacidade de sentir?
Ou podemos acreditar que é normal,
depois de uma queda, ter uma ou outra ferida para tratar, assim como acreditar
que o primeiro passo para a
tratar é olhar para ela.
Hoje a Maria começou a tratar da sua ferida. E não caiu. A vida fê-la tropeçar mas ela equilibra-se sempre.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Esta tramou-me...
"Reading, after a certain age, diverts the mind too much from its creative pursuits. Any man who reads too much and uses his own brain too little falls into lazy habits of thinking."
Albert Einstein
Albert Einstein
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Call me old fashioned... a ver se me ralo.
"Golden Rule: I do not buy dinner to get the Yes. Dinner is a very intimate activity. It requires a level of connection and eye contact that sex just doesn't. Call me old fashioned, but I need to have sex with a girl at least three times before I'll even consider having dinner with her."
by Barney Stinson
by Barney Stinson
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