quarta-feira, 11 de abril de 2012

Gilles Villeneuve

Nunca fui grande adepto de corridas. Não me entusiasmava, ponto. Admito que os aficionados gostem do ruído dos  motores, das técnicas de ultrapassagem, dos pneus a serem mudados em 4,5 segundos, etc. O que me atraiu sempre nesses desportos motorizados foram os pilotos fora da caixa, i.e. aqueles que rebentavam com as tradições e faziam o inesperado por pura coragem (ou inconsciência) e arrepiavam toda a assistência. Gostava de ver o Henri Toivonen nos ralis que nunca me lembro de fazer uma reta a direito, indo sempre de lado a preparar a próxima curva. Infelizmente o seu estilo exuberante de condução colheu-o cedo de mais. No Tour de Corse Henri estava doente com gripe mas insistiu em guiar, depois de não pontuar nos dois últimos ralis. Ele estava exausto e tomava um medicamento para a dor de garganta, era dificil manter o S4 em estrada, era demasiada potência para um rali como o Tour de Course. Mesmo assim ele já liderava a prova com alguma vantagem mas no 18º troço não evitou uma saída de estrada numa curva sem protecção. O Lancia caiu numa ravina e embateu numa árvore que causou uma explosão da qual Henri e Sergio, o seu navegador, não conseguiram escapar. Quando era miúdo e só havia um canal (ficam já com uma ideia da minha idade, por volta de 1981) para lá das futeboladas no largo, o pessoal começou a gostar de Fórmula 1, cada um de nós elegeu os seus ídolos com que nos identificávamos nas corridas de caricas em cima do muro.
Uns eram pelo Piquet, havia quem fosse pelo Prost, outros pelo Pironi ou pelo John Watson etc...
Por exclusão de partes e também por ser dos mais novos, fiquei com o Villeneuve.
A verdade é que o Piquet coleccionava campeonatos e o Prost vitórias mas o Villeneuve é que fazia as manobras mais arriscadas e espectaculares. e eu neste feitiozinho de contracorrente não me importava nada de não ver o Gilles ganhar provas. Identificava-me com a atitude.
Apesar de não darem parte fraca,
com o passar do tempo o respeito e a admiração que os mais velhos tínham pelo Villeneuve ía aumentando.
Recordo uma partida, salvo erro no GP da Holanda em Zandvoort, em que o Gilles passou por cima (literalmente) do Williams do Alan Jones. Que espetaculo!!
Era um piloto desaustinado e com pinta de galã de cinema francês.



Em 1982 no Grande Prémio de San Marino em Imola, quando seguia em primeiro a 3 voltas do fim, Villeneuve foi traído pelo seu companheiro de equipa Dider Pironi. Desobedecendo a uma ordem das boxes, o segundo piloto da Ferrari, ultrapassou-o, pondo em risco a classificação de Villeneuve no Campeonato do Mundo de Condutores. O canadiano ainda passou Pironi, mas este voltou a ultrapassá-lo, acabando a corrida a fazer tampão às investidas de Villeneuve. Todos achámos que tinha sido demais. Na inocência dos adolescência, todos chamámos de tudo e alguma coisa ao B, acérrimo apoiante do Pironi.
Infelizmente no GP seguinte, em Zolder na Bélgica, Villeneuve morre durante os treinos.



Lembro-me duma frase do Enzo Ferrari (que o considerava como seu filho): "Gilles, ti ricorderemo sempre". Eu e muitos também.
Ontem recebi o vídeo (que está lá embaixo porque ainda não sei como se mete aqui como hiperligação... mas hei-de aprender!!)
que ilustra bem a loucura e a rapidez deste piloto.
Estamos em 1979 no Grande Prémio de França em Dijon. Foi a mais fantástica luta por um segundo lugar da história da Fórmula 1. O Duelo é entre Gilles Villeneuve (Ferrari) e René Arnaux (Renault). Apesar de não ter o carro mais veloz, Villeneuve acreditou sempre que conseguiria bater o seu oponente.
É favor fazer o download, tirar o som e apreciar.
É por estas e por outras que deixei de gostar de Fórmula 1. já não há disto...

Respeitinho, sim?

http://www.iprimus.ca/~trauttf/Gilles/Dijon79.mpeg

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