terça-feira, 8 de maio de 2012

Aquele sítio.

Vir do almoço com a miúda e apetecer-me estar um pouco mais perto. Daquele sítio. Trocámos mais umas mensagens. Acabaram com um smile. Outra vez. Esta coisa cá dentro. Os brasileiros chamam-lhe, salvo erro, «orgulho besta». O adjectivo é devido, porque a estupidez revela-se em toda a linha de manifestação desta terrível forma de sentimento. Também sou orgulhoso – quem o não é? – e também me custa dar o braço a torcer. Mas há um ponto de sufocação, de ânsia por uma aproximação, uma explicação ou um passo em frente, que me derrota invariavelmente os «orgulhos bestas», por inexpugnável que pareça a fortaleza em que se barricaram, num prazo que nunca ultrapassa os dois dias. Este foi a excepção. Meses que para aqui anda. É, deduzo, virtude da minha condição de velho guerreiro de muitas batalhas pela própria vida. Já não tenho tempo para certas merdices. Estou, de resto, pronto a admitir que, mais do que a expressão de uma índole conciliadora, esteja em causa a minha antiga propensão para verbalizar os meus estados de alma e esvaziar em jactos de palavras os copos de águas turvas que vai enchendo gota a gota. Já dei para esse peditório. Esta armadura já está estanque. Para os dois sentidos. O certo é que consigo quebrar o silêncio e pedir - como peço - desculpa. Razão por que não conto morrer de estupidez. Porque o «orgulho besta» é dos tais que recusa, sem um estremecimento de dúvida, o amor, a compreensão, a mão estendida, com risco que seja para a felicidade do orgulhoso e até para a própria vida.

 


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