Tenho muita pena de não ser como aquelas
pessoas um bocado doentes que dizem “Deus ma livre de sair de casa sem a
cama feita!”. Eu, na melhor das hipóteses, mudo os lençóis uma vez por semana e
é exactamente nessa altura que a minha cama se encontra feita. Depois nunca mais
a faço. Não me dá jeito – nem de manhã nem à noite.
Na minha casa, loiça por lavar nunca falta. O
cotão só me começa a enervar quando já anda a esvoaçar junto aos rodapés. Tenho
sempre pares de sapatos espalhados pelo quarto. A minha mesa da sala é uma vergonha:
papéis, livros, facturas, cds, um cinzeiro por despejar.De vez em quando tento melhorar a pessoa que sou (umas duas vezes por mês) e é então que visto uma t-shirt velha que diz “100% BOAVISTA!” e umas chinelas para não parecer tão doméstico. Desce sobre mim uma fúria tão grande, que na loucura do aspirador e uns minutinhos nos dois metros quadrados da minha “casa-de-banho” a snifar sonasol misturado com lixívia, começo a esfregar as loiças e a cantar ACDC (tandér! tandér! aaaahhhhaaaaahhhaaaaa... tandér! tandér!)
Chego ao final do transe das limpezas e juro a pés juntos que a partir daquele momento tudo vai mudar e terei sempre a roupa arrumada, nada de migalhas no sofá e nem um borboto no chão para amostra, nem sombra de calcário nos azulejos do polibã!
Uma vez, fiquei tão convicto que cheguei a cumprir com as minhas obrigações domésticas durante três dias seguidos.
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