quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ser homem também é isto... ou um bocado menos talvez.

Ontem, depois de jantar com a miúda, ainda fui a uma tasca basca (para me ir preparando para a semana que vem) apreciar boa companhia e depois de alguma negociação a ver onde é que se ia acabar a noite e tal... fui despachado para casa. O costume. Assim voltei ao bairro e ainda parei no spot do costume para dois dedos de conversa e um copo antes de deitar. Ora bem, estava na minha, quando vejo uma situação que reflecte bem o que somos e que elas não conseguem, nem conseguirão perceber..
Estavam uns quantos miúdos de 9/10 anos a jogar à bola na rua, com aquelas balizas feitas com pedras, quando um deles, manda um biqueiro totalmente desgovernado, que a bola vai parar lá a cascos de rolha.
No momento em que bola falha o alvo, estava um senhor a passear com a filha pequena, que não devia ter mais que 5 anos, ensinando-a a andar de bicicleta, ou seja, amparando-a para ela não cair, enquanto ela pedalava. Quando o homem vê a bola a passar por ele, larga tudo (ou seja, a filha), e corre atrás da bola, apanhando-a, e começando a dar toques antes de devolver a bola aos putos, contrafeito. Entretanto, a miúda, como não sabia andar de bicicleta, estava estatelada no chão a chorar, só dando o pai por isso quando devolveu a bola aos putos. O pior é que eu compreendi o homem, porque também estava com uma vontade de gamar a bola aos putos e dar uns toques...


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Encontrei-me comigo.

Foi naquele sítio novamente. Não fiz de propósito, acreditem. Encontrei-me casualmente comigo há dias.
Havia tempos que não me via. Estava sentado num penedo. Agachei-me e perguntei-me o que tinha. Olhei-me nos olhos... Não... O olhar estava parado, fixo num ponto de fuga, a quilómetros de distância. Respondi que não tinha nada, enquanto recordava os meus, que amo, e uma vida por acabar.
Olhei-me com o mesmo olhar vazio, sem emoção que classifique o bater do coração.
Tenho vindo a adequar o discurso, pela constatação clara de que já não importa o "ser" das coisas. Importa-lhes principalmente o "ter". Daí que o saber, aquela faixa estreita onde a crença e a verdade se sobrepõem, pouco importe; porque é relativo, muito relativo...
Às voltas com este transe... O sábio que antes invejámos ao afirmar "só sei que nada sei", demonstrando clareza sobre a enorme variedade de conhecimentos que houvesse para apreender, face à diminuta capacidade do Homem para tal grandeza, hoje é o que apregoa ao vento "só sei que nada tenho".
Por isso a inteligência se mede cada vez mais pelo sucesso, pelas influências apropriadas, do que por formas de pensar. Louco já não é o que se passou do juízo, que se designa, também em contra-senso, por "infeliz". Louco é o que vive sem nada, porque nada soube amealhar, esse sim temido e repudiado por todos.
Consequentemente tenho de admitir que "tenho, logo, existo". Deixo para trás o paralelismo em que a consciência do ser se relacionava com a actividade cognitiva, negando o insano. A afirmação do sábio remete-nos agora, por silogismo, à definição de existência apenas para quem possui.
Esta afirmação completa-se em círculo; pela conclusão de que o sábio, que afirma que nada tem, na realidade estar em rota de negação com a sua própria existência, o que confirma a tese de que o saber é, não apenas tendencialmente inútil, como uma via directa para o ostracismo, para a marginalização, para o degredo.
A sociedade ensina-nos que sem ter não haverá saber, e isso definirá a nossa permanência. O saber, que nos negaria a essência, é-nos assim fornecido a conta-gotas. Na medida exacta a permitir que continuemos a fomentar a ambição, e dessa forma levar-nos a justificar a nossa existência.
Tecidas estas considerações sumárias comigo, resta-me a imodéstia de vos confessar que não existo. O que me torna no imortal mais procurado do planeta. Sou também, por isso, o único sábio ignorante, e aqui aproximo-me do conceito antigo, mas por razões diversas...
Deixei-me a olhar inexpressivamente para o tal ponto de fuga. Afastei-me desse louco que nada tem.
Ao fundo as luzes da cidade atraíram-me como cantos de sereia. A tal cidade... Onde de tudo existe, a mesma onde nada se sabe, aquela onde tudo se conquista.
E fiquei a pensar, numa ambição antiga... Se ao menos tivesse juízo... Mas não tenho :)




terça-feira, 24 de julho de 2012

Sim Senhor Doutor.

Confesso que uma coisa que sempre me divertiu são aqueles tipos que acham que percebem muito de mulheres, assumindo-se como verdadeiros experts em sede de psicologia feminina, achando que, por essa mesma razão, transbordam charme tal e qual como o Nilo transborda na época das cheias.
Adoro especialmente aqueles que adoptam as teorias linguísticas do "Quando ela diz "não" quer dizer "sim", e vice-versa", e coisas que tais, como se fossem verdades supremas. Bem, eu sempre tomei um "não" como um "não", e um "sim" como um "sim", o que quase sempre me salvou de fazer figuras de urso (QUASE!). E se fosse só este exemplo não estávamos mal. Há por aí verdadeiros artistas que se acham muito e fazem questão de exteriorizar essa patologia, nomeadamente em locais públicos, publicando livros, indo à televisão mandar umas postas de pescada, e por aí em diante. E não esquecer os blogs, claro está, que isto agora anda na moda e há que aproveitar o tempo de antena. Uma coisa é tentar perceber as mulheres, outra é achar que se percebe. Tentar perceber a psicologia feminina é uma atitude sensata e louvável, e se tais empirismos forem comunicados à restante comunidade masculina, até se aplaude. Já um tipo assumir-se como o último Dr. Phil à face da Terra, e achar que estala os dedos e vêm cachos de gajas a correr atrás só pela sua bonita prosódia, é uma coisa completamente diferente.
Eu cá admito: não percebo nada de mulheres. E cada vez percebo menos. Mas vou tentando.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Coisas que me aborrecem...

Almofadas sem consistência apropriada.



Gente sem regras de higiene.



Avarias no jacuzzi.




Falta de privacidade.




Cerveja quente.




Visão dupla depois de meia dúzia de imperiais.




Jogadores de futebol com medo de ir ao choque.




Roupa de lã directamente sobre a pele.




Condutoras que não respeitam o código da estrada.




Finalmente... mulheres que querem sexo a toda a hora.











quinta-feira, 19 de julho de 2012

Underdog.

Quando estou a ver bola, salvo os casos em que joga a Selecção ou o Boavista (e estes só mesmo no Porto Canal... se conseguirem pagar as dívidas e inscrever a equipa, o que já é um grande feito), tenho sempre a tendência para torcer por aquele que, à partida, apresenta menos hipóteses de ganhar. Faço-o até ao último minuto, até ao último pontapé, se for preciso. Dos melhores, o melhor se espera. A verdade é que os outros também têm sonhos, também suaram para chegar ali. A qualquer momento podemos estar perante uma reviravolta, perante aquela centelha no olhar que diz "hoje mereço eu!", aquele esgar de génio que emociona os espectadores quando parte de não génios. Eu torço sempre pelo menos favorito.

Querer raramente é poder, por mais que nos queiram incutir o contrário. Querer "apenas" nos aumenta a probabilidade de esbarrar com o sucesso. Não gosto de "apenas". Gosto de sim, gosto de não, gosto da pequena margem de manobra para a qual a inevitabilidade nos empurra. É nessas alturas que se revela o verdadeiro poder de decisão, o saber fazer muito a partir de pouco.

Está tudo na nossa cabeça. Há quem não tenha armas para tomar de assalto as rédeas da sua vida, quer pense ou não que as tem, há quem saiba incondicionalmente que não pode falhar, e há ainda quem pense que tem poucas hipóteses, menosprezando o real valor da componente probabilística. Mas, pelo menos um dia em cada ano, todos acordamos com pegada de gigante e relegamos os feitos banais para segundo plano.

"Hoje" sinto que sou o menos favorito. Mas, para todos os efeitos, eu torço sempre pelo menos favorito.


terça-feira, 17 de julho de 2012

Don't match... at all!!!

Isto... por exemplo...


... com isto!!!




E ainda o mesmo... dos frutos da Oliveira.

Continuando a saga do olival e daquela mania de ir ver os aviões e os barcos no porto de Leixões e o camandro... Não compreendo o gozo que dá ver aviões a descolar e a aterrar. Ainda se chocassem uns contra os outros, tipo bolas de bilhar. Mas não. Monstros carneiros. Põem-se na fila à espera da sua vez para descolar. Ordeiramente. Nem sequer dão um bocadinho de gás, tipo os motards. Põem-se na fila para estacionar. Ordeiramente. Nem buzinam nem nada, tipo os condutores impacientes, tipo eu. Toneladas de chapa reluzente bem-comportadinhas. Pasmaceira. Não compreendo os planespotters. Qual o gozo? Os lovespotters são um bocadinho assim. De binóculos, a espiar a paixão alheia. Nunca se atrevem a embarcar. Limitam-se a ver os outros a apaixonarem-se, a amarem, a desiludirem-se, a degladiarem-se, a apaixonarem-se outra vez, a desiludirem-se outra vez, a degladiarem-se outra vez, a apaixonarem-se outra vez ... Os lovespotters limitam-se a invejar o amor de dois apaixonados, sem nunca se atreverem a embarcar numa viagem semelhante, com receio de apanharem uns poços de ar durante a viagem, enquanto estão lá em cima, no ar, sem rede. Ou então, se calhar, têm receio de aterrar. Voltar à terra. Cair na real. Sim, ir às nuvens é muito bom. Mas aterrar de vez em quando também é preciso, quando muito é prenúncio de nova viagem. Com a mesma companhia, ou então com outra. O que interessa é não ter medo de voar. E é isto. Apeteceu-me desabafar!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Estava mesmo a precisar...




... parar uns momentos sob as estrelas e ver o ondular do mar. E foi o que fiz. E foi o que acabou. Back to business.

terça-feira, 10 de julho de 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ai é??

Desafiaram-me a escrever sobre sexo. Ai é? Ora cá vai!
O sexo é uma actividade a que as pessoas se dedicam quando querem ter filhos, orgasmos ou dormir melhor de noite. O sexo normalmente faz-se entre duas pessoas mas pode ser com muitas ou só com uma mas aí as pessoas chamam outros nomes ao sexo, por isso já não é sexo. Para dar filhos o sexo tem de ser feito entre dois orgãos diferentes, um ovário e um testículo. Como o ovário está enterrado na barriga das pessoas e o testículo é uma bola mole e dorida, não se consegue ter filhos tendo só estes dois orgãos. Aí existem duas soluções, ou se vai ao médico e se faz a coisa com seringas, ou se dá uso a outros orgãos. Estes outros orgãos são os pénis e as vaginas. Um pénis é um orgão assim em forma de cenoura, banana ou pepino, de cor rosa-acastanhada e textura variável. A vagina é um bocado de carne com um buraco no meio. Quando o pénis está em modo textura dura, consegue enfiar-se e aguentar-se dentro do buraco de carne, e o testículo pode mandar os genes pelo pénis fora, que lá dentro eles já se conseguem encaminhar e chegar ao ovário. Os pénis e as vaginas não são muito bonitos, não cheiram muito bem e tendem a ter doenças e maleitas fácilmente contagiosas, mas as pessoas não têm nojo porque têm mais-valias. Uma mais-valia do sexo é o orgasmo. O orgasmo é bom e distrai as pessoas dos problemas da vida no geral e do sentido desta em particular e as pessoas gostam de ter orgasmos e por isso gostam de fazer sexo. Outras mais valias do sexo incluem ter filhos, dormir melhor e aquecer os pés. Um dos problemas do sexo é a desigualdade de direitos. A localização do centro fazedor de orgasmos está localizado no pénis e aos homens basta fazer sexo para os ter. Mas nas mulheres o centro fazedor de orgasmos está localizado fora da vagina por isso é mais dificil de convencê-la de que ter uma pila feia, mal cheirosa e passível de ter doenças dentro dela é boa ideia, principalmente se a mulher não quiser ter filhos, já tiver os pés quentes e não sofrer de insónias.

A terceira lei de Newton.

"Para cada acção há sempre uma reacção, oposta e de mesma intensidade."
O Newton sabia-a toda. Tanto que fica assim explicado!
Toda a dedicação ultrajada pela realidade que nos reprime. Vezes tantas que a tentativa de aproximação gera a repulsa. E os vice-versas que nos corrompem a solidão. O telefone toca. Dá-me aquela vontade tão familiar de o atirar pela janela.
“Estou?…“
Estou, farto que me façam puxar pela cabeça. Já por um braço ou por uma perna levam-me para todo o lado. Pela cabeça, não. Resisto. Temo a cedência ao que desconheço, procuro sempre enraizar-me aos meus tubos de ensaio virtuais onde deixei os sentimentos fumegantes, em análise.
Estou, em sofrimento quando a apatia se entranha. A sensação do inútil, do tempo que me aproxima do cadafalso, inexorável. É a sedição que me empurra à acção, tantas vezes intempestiva, tantas vezes também relampejante e tempestuosa. Tanto mais quanto a apatia me devore. A chuva e o frio que emanam da minha alma atormentada geram vagas de tolerância, que não mereço. Sorrio. O telefone paira-me a centímetros dos dedos, entre o merecido descanso e a janela aberta para aplacar o calamitoso Verão, fora de horas. Por instantes não sei onde irá parar, é a fraca aragem que o transporta, em simbiose com a pequena força com que tenta impor-se ao calmão, talvez também fruto do fenómeno newtoniano. Eu queria a janela, consequentemente, ele quer o descanso. Alguém queria que ele parasse de tocar…
“Estou?...”
Estou, como um pequeno insecto no vislumbre do canto em que aquela vespa agarra a sua aranha, entre as pequenas patas finas mas titânicas, o abdómen contorce-se-lhe enquanto espeta o ferrão erecto, obsceno, uma e outra vez. A aranha abandona-se ao consentimento, como dois amantes que o degredo tivesse separado um dia e se encontrassem agora. Mas ali não é o amor que os une, talvez por isso todo o acto seja de uma imaculada perfeição, não existem factores exógenos, nem história que os reprima. Assim, não me vêem. Sinto-me como o tarado que não deveria estar ali a mirar tanto empenho naquela união casual, mas não gratuita. Por isso afasto-me, a pensar se daquele ódio ocasional não nascerá um amor sem tempo, infinito e desejável. Sem saber ao certo se quero ser vespa ou aranha. Sei que quando sou vespa o meu dia tem sequela. Nunca me consigo imaginar noutro lugar. Já me convenço de que nasci para envenenar. Envenenar suporto, tiro sempre partido das minha inoculações. Mortifico-me porém se me sinto envenenado, temo por isso ferrão que me trespasse. E no entanto…
“Estou?...”
Estou, ciente de que as vespas são tão grandes que nem as vejo. E o resultado da sua acção talvez só o saiba daqui a demasiado tempo. Passo assim cada dia, apreensivo por poder vir a parir diabo que me coma. Mas talvez, pela lei de Newton, seja eu parido por anjo que me adormeça.

Por esta lei, da física elementar, só o bem morre com culpa.



sábado, 7 de julho de 2012

sexta-feira, 6 de julho de 2012

E quando elas dominam...

Arthur Miller, Eli Wallach, John Huston, Montgomery Clift, Marilyn Monroe e Clark Gable durante a rodagem do filme The Misfits.



Foi o último filme de Clark Gable e Marilyn Monroe. Gable, que já levava uma vida de barriga cheia há muito, teve um enfarte três dias após encerradas as filmagens e morreu 11 dias depois.
Marilyn Monroe e o escritor Arthur Miller eram casados mas durante as filmagens divorciaram-se. Não consta que nem o divórcio de Miller e Marilyn, nem o o enfarte do Gable estejam relacionados. Em princípio.
Bom fim de semana pessoal.

P.S.: Já agora para vos agradecer as 4000 e tal visitas. Não têm mesmo mais nada para fazer, pois não? ;)




quinta-feira, 5 de julho de 2012

Questões.

Será assim tão absurdo assumir a necessidade que temos de segurança? O admitir que precisamos de sentir que, ao menos por uma vez, a pessoa a quem abrimos o nosso mundo, não vai desaparecer? Porque nos apontam o dedo ao admitirmos que precisamos sentir que afinal há coisas que não são efémeras? Será assim tão estranho este medo de deixarmos que invadam o nosso espaço, para depois partirem com os segredos roubados?


(Lars and the Real Girl)


Dagmar: It's such a comfort sometimes, just to have somebody's arms around you. Don't you think?
Lars: No.
Dagmar: It feels good.
Lars: It does not feel good. It, it hurts.
Dagmar: Oh, like a cut, or bruise?
Lars: Like a burn. Like when you go outside and your feet freeze and you come back in and then they thaw out?
It's like that. It's almost exactly like that.


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ah velho...

Nem sei o que vos diga. Se calhar porque nem tenho mesmo muito para acrescentar ao que já sabem. Mas isto da terceira idade tem muito que se lhe diga. Já toda a gente ouviu a frase “a educação, hoje em dia, já não é o que era”, proferida normalmente por um idoso, em relação a um jovem que teve a ousadia de, alegadamente, passar à sua frente ou no autocarro ou no supermercado ou no café ou no cinema ou na distribuição de amostras grátis ou seja lá no que for. É certo e sabido que, se mete “passar à frente”, há um idoso indignado algures.
Este pequeno episódio, fruto da manhã de hoje lida com isso mesmo, mas de uma perspectiva diferente. Pouco antes das 9 da matina, aqui o vosso amigo está na estação do metro, meio de locomoção que usa quando é calão de mais para ir a pé. Levava o meu ar de cromo, vestimenta descontraída, misto de casual/formal, mas com toque de homem que sabe o que quer, apesar de ninguém perceber muito bem o quê.
Ao meu lado, um perfeito avôzinho, daqueles que apetece dar um abraço e contar como foi o dia na escola. Bem vestido, gravatinha, chapéu, bengala e ar afável. Enquanto o metro não chegava, eis que atravessa a estação uma bela figura feminina.
Mulher bem parecida e tal, bom porte atlético, que chamava a atenção sem cair na vulgaridade. Ao perceber que o meu olhar a seguiu cinco segundos a mais do que o bom senso recomenda, senti um bocado a voz da consciência “o avô não ia gostar que eu mirasse assim tal donzela”.
Foi nesse momento que me voltei para o velhote, para ver se ele me tinha apanhado em flagrante. Não tinha, nem podia, essencialmente porque ele ainda estava a controlá-la. E, quando eu esperava apenas um ar simpático de “Quando era mais jovem...” eis o que ouvi com tom de sofreguidão:

“Ah, mula do caralh....”

Encolhi os ombros e aproveitei que o gajo estava distraído para lhe passar à frente e entrar no metro, que entretanto chegara.


terça-feira, 3 de julho de 2012

Carta à Maria.


Não me lembro do primeiro dia que te vi mas lembro-me de todos os detalhes cada vez que te vejo.
Sabes Maria, desde que nascemos trazemos uma capacidade deveras invulgar.
Começamos imediatamente a fazer escolhas. Desde o sugar o mamilo preferido em detrimento do outro, até chuchar um dedo da mão ou um do pé.
Não sei até que ponto o bem e o mal serão escolhas ou formações congénitas que aplicamos num caso por conveniência, no outro por sujeição; mas sei que as decisões que temos de tomar ao longo da vida nos irão tornar em autênticos especialistas.
O que torna as decisões acertadas, ou não, são fundamentalmente factores externos, a constatação do sucesso ou do fracasso, é apenas a verificação das consequências, que também não dependem de nós.
No que varia pelas nossas premissas tudo o que decidimos é de facto exemplarmente bem decidido. Sempre analisado pelo nosso sentido de integridade física ou moral, ou pelo nosso instinto de sobrevivência mais ou menos exacerbado, ou pela aprendizagem de regras e comportamentos que acabam por nos apurar os gostos e definir desejos e ambições, ou rejeições e repulsas.
Tudo o mais são factores que não temos capacidade para controlar, ou porque não lhes conhecemos as origens, ou porque não os estudámos o suficiente, ou porque alguém decide trocar-nos as voltas, ou porque a natureza decide que aquilo de facto não será assim.
Como não podemos conhecer todos os factores, decidimos com base na especialização que fomos apurando ao longo do tempo, e consequentemente sempre da melhor forma que nos é possível.
Claramente, nem todos temos ao dispor os mesmos caminhos, opções, e consequentes decisões. As nossas vidas são, por isso, muito diferenciadas.
Acredito que nada na nossa vida poderia ter sido diferente do que de facto é, no que deriva das nossas decisões; a menos que não fossemos humanos, exímios em escolhas, e tivéssemos optado algures no nosso percurso por algo que tivéssemos acreditado ser menos interessante ou conveniente, quer fosse em nosso próprio benefício, ou para beneficiar a outrem para o regozijo do nosso ego, ou por um grau de altruísmo superior ao nosso sentido da vida.


Tu és a especialista em dar alegria à vida. À nossa que somos os priveligiados em te ter na nossa.

Às vezes observo-te sem te aperceberes e vejo a tua determinação e se há expressão que se adequa a ti, para mim, é esta “Acredito que um dia poderei mudar o Mundo”. O meu já o mudaste.


Estive indeciso em te escrever esta carta. Agora sei que foi a escolha certa.

Pois, se ela aqui está...



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Dicas para uma semana em grande.


Aponta para alto.


Faz exercício.




Acredita que nada é impossível.




Confia no teu parceiro para vigiar as tuas costas.



Poupa qualquer coisa para os dias difíceis.


Mantém-te focado no trabalho.



Evita chatices.


Arranja sempre um tempo para sorrir.




... e acima de tudo arranja tempo para relaxar.