Quando estou a ver bola, salvo os casos em que joga a Selecção ou o Boavista (e estes só mesmo no Porto Canal... se conseguirem pagar as dívidas e inscrever a equipa, o que já é um grande feito), tenho sempre a tendência para torcer por aquele que, à partida, apresenta menos hipóteses de ganhar. Faço-o até ao último minuto, até ao último pontapé, se for preciso. Dos melhores, o melhor se espera. A verdade é que os outros também têm sonhos, também suaram para chegar ali. A qualquer momento podemos estar perante uma reviravolta, perante aquela centelha no olhar que diz "hoje mereço eu!", aquele esgar de génio que emociona os espectadores quando parte de não génios. Eu torço sempre pelo menos favorito.
Querer raramente é poder, por mais que nos queiram incutir o contrário. Querer "apenas" nos aumenta a probabilidade de esbarrar com o sucesso. Não gosto de "apenas". Gosto de sim, gosto de não, gosto da pequena margem de manobra para a qual a inevitabilidade nos empurra. É nessas alturas que se revela o verdadeiro poder de decisão, o saber fazer muito a partir de pouco.
Está tudo na nossa cabeça. Há quem não tenha armas para tomar de assalto as rédeas da sua vida, quer pense ou não que as tem, há quem saiba incondicionalmente que não pode falhar, e há ainda quem pense que tem poucas hipóteses, menosprezando o real valor da componente probabilística. Mas, pelo menos um dia em cada ano, todos acordamos com pegada de gigante e relegamos os feitos banais para segundo plano.
"Hoje" sinto que sou o menos favorito. Mas, para todos os efeitos, eu torço sempre pelo menos favorito.
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