quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ah velho...

Nem sei o que vos diga. Se calhar porque nem tenho mesmo muito para acrescentar ao que já sabem. Mas isto da terceira idade tem muito que se lhe diga. Já toda a gente ouviu a frase “a educação, hoje em dia, já não é o que era”, proferida normalmente por um idoso, em relação a um jovem que teve a ousadia de, alegadamente, passar à sua frente ou no autocarro ou no supermercado ou no café ou no cinema ou na distribuição de amostras grátis ou seja lá no que for. É certo e sabido que, se mete “passar à frente”, há um idoso indignado algures.
Este pequeno episódio, fruto da manhã de hoje lida com isso mesmo, mas de uma perspectiva diferente. Pouco antes das 9 da matina, aqui o vosso amigo está na estação do metro, meio de locomoção que usa quando é calão de mais para ir a pé. Levava o meu ar de cromo, vestimenta descontraída, misto de casual/formal, mas com toque de homem que sabe o que quer, apesar de ninguém perceber muito bem o quê.
Ao meu lado, um perfeito avôzinho, daqueles que apetece dar um abraço e contar como foi o dia na escola. Bem vestido, gravatinha, chapéu, bengala e ar afável. Enquanto o metro não chegava, eis que atravessa a estação uma bela figura feminina.
Mulher bem parecida e tal, bom porte atlético, que chamava a atenção sem cair na vulgaridade. Ao perceber que o meu olhar a seguiu cinco segundos a mais do que o bom senso recomenda, senti um bocado a voz da consciência “o avô não ia gostar que eu mirasse assim tal donzela”.
Foi nesse momento que me voltei para o velhote, para ver se ele me tinha apanhado em flagrante. Não tinha, nem podia, essencialmente porque ele ainda estava a controlá-la. E, quando eu esperava apenas um ar simpático de “Quando era mais jovem...” eis o que ouvi com tom de sofreguidão:

“Ah, mula do caralh....”

Encolhi os ombros e aproveitei que o gajo estava distraído para lhe passar à frente e entrar no metro, que entretanto chegara.


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