Nunca gostei da Páscoa. Sempre me fez confusão comemorar a morte de alguém. Sobretudo de alguém que deu a vida por nós. Sempre achei uma enorme responsabilidade para mim. Como se por isso, tivesse obrigação de ser ainda melhor. Porque senão, qual o interesse do sacrifício? Mas não deixa de haver nisso algum orgulho mesquinho nessa minha forma de ver a Páscoa e tudo o que ela representa. Porque na verdade, aceitar o que de bom os outros nos fazem, sem nos sentirmos com isso desmerecedores de tal acto, é também um exercício de humildade. Aceitar a nossa condição humana de imperfeição e incompletos, far-no-á aproximar mais do próximo e aceitar em pleno a sua amizade. É este o meu desejo para esta Primavera que agora renasce.
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