"(...) a maravilha que deve ser
escrever um livro: a invenção dentro da memória; a memória dentro da invenção; e
toda essa cavalgada de uma grande fuga, todo esse prodígio de umas poligâmicas
núpcias, secretas e arrebatadas, com a feminina multidão das palavras: as que se
entregam, as que se esquivam; as que é preciso perseguir, seduzir, ludibriar; as
que por fim se deixam capturar, palpar, despir, penetrar e sorver, assim
proporcionado, antes de se evaporarem, as horas supremas de um amor feliz. Não
há matéria mais carnalmente incorpórea; nem outra mais disposta a por amor ser
fecundada."
(David Mourão Ferreira)
Como se pode interpretar
de outro modo esse velho lugar-comum de ter um filho, plantar uma árvore,
escrever um livro? Só se em todos os casos se tratar de grandes e inevitáveis
actos de amor: com a Mulher, com a Terra, com a Língua. Mas de plantar árvores e
ter filhos haverá sempre muita gente que se encarregue. De destruir árvores
também; de estragar filhos igualmente. Em compensação, um livro, um livro que
viva, multiplicado, durante alguns anos ou alguns séculos, e que depois vá
morrendo, sem ninguém dar por isso, mas nunca de uma só vez, até ser enterrado
na maior discrição ou até se ver de súbito renascido, inesperadamente
ressuscitado, um livro com semelhante destino - luminoso por mais obscuro,
obscuro por mais luminoso -, isto é que foi sempre o que me empolgou. E é por isto que este passo de treino e aprendizagem que é este blog culminou o seu percurso. Agora está na altura de outro. Vou empolgar-me de certeza. Vemo-nos um dia destes noutro sítio. Hasta.
Uns têm, outros não. “You only grow when you are alone.” Paul Newman 26/01/1925 - 26/09/2008.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
The Soul Whisperer.
"Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida"
António Gedeão
O encantador de almas alimenta-se de sonhos. Atordoa-os com músicas celestiais invisíveis e ceifa-os para sempre dos vastos campos, não os deixando crescer e voar. Dizem que se veste da noite e tem a brancura inóspita da lua nos seus cabelos. Penso que nunca ninguém o viu mas consta que os tritura num círculo perfeito. Da medida do ser. Reduz a sua essência a um pó mágico. Brilhante, com que alimenta o ego. Cuidado com os seus encantos e preces derrotistas. Protejam bem os vossos sonhos e não desistam há primeira pois o encantador de almas vai sempre voltar.
António Gedeão
O encantador de almas alimenta-se de sonhos. Atordoa-os com músicas celestiais invisíveis e ceifa-os para sempre dos vastos campos, não os deixando crescer e voar. Dizem que se veste da noite e tem a brancura inóspita da lua nos seus cabelos. Penso que nunca ninguém o viu mas consta que os tritura num círculo perfeito. Da medida do ser. Reduz a sua essência a um pó mágico. Brilhante, com que alimenta o ego. Cuidado com os seus encantos e preces derrotistas. Protejam bem os vossos sonhos e não desistam há primeira pois o encantador de almas vai sempre voltar.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Paradoxo.
Comunicamos de quatro formas: com palavras, com entoação, com expressões e com
silêncios. De todas elas as palavras são as que menos comunicam e as que mais
conseguem ser falsas ou imprecisas. É a razão porque um bom livro deveria sempre
conseguir ser acompanhado de alguns quadros ou fotografias, barulhos, músicas e
oscilações. Mesmo que mínimas. Uma espécie de ondulação. Percebem? Possuir
páginas em branco, olhares, poros e muitas respirações. Mas a comunicação para o
ser verdadeiramente exige um reflexo. Uma metamorfose no ir e voltar. Um toque
ou afago que se estende, para lá de nós. Contagiando. Gerando uma acção ou
comportamento. É essa a magia da comunicação. A sua pluralidade (não podemos
comunicar sozinhos) e imprevisibilidade.
E tu és imprevísivel. Nunca sei quando acerto. E acho mesmo que nunca comseguirei penetrar na tua carapaça. E bem que tento...
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Objectivos.
Até aqui há uns tempos atrás, tinha três objectivos de vida muito claramente
definidos: ser rico, ser rico e ser rico. Obviamente que se por acaso no
decorrer do cumprimento desses objectivos encontrasse uma mulher de quem
gostasse e que estivesse na disposição de ter 4 filhos, óptimo.
Bom, passa-se que entretanto cresci, corri muito mundo, conheci muitas pessoas, e a minha lista de objectivos foi profundamente remodelada.
Agora quero ser rico, ser rico e ter um Maserati, depressa.
Bom, passa-se que entretanto cresci, corri muito mundo, conheci muitas pessoas, e a minha lista de objectivos foi profundamente remodelada.
Agora quero ser rico, ser rico e ter um Maserati, depressa.
(Maseratti Quattroporte Sport GT... e a menina também pois parece-me assim a modos que perdida...)
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Ando a juntar para isto.
Why Wally Hermès Yacht
by
Luca Antivari & Pierre-Alexis Dumas
Pedaço de terra flutuante, ilha em movimento,
liberdade, paisagem, paz.
Mar adentro, mar adentro...
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Faz um ano.
O que complica a nossa condição de seres humanos, é a nossa capacidade de
pensar, de sentir, de pensar o sentir e sentir o pensar. Também é isso que nos
torna humanos. Pelo menos a alguns de nós. Não agirmos sempre como confirmação
do reflexo pavloviano de causa-efeito. Não fosse este pequeno pormenor, e tudo
seria mais fácil.
Delete implica apagar. Fazer desaparecer. Excepto quando carregamos na tecla por engano, é uma acto deliberado. Seleccionamos o que queremos apagar e apagamos. Se foi por engano que o fizemos, vamos à reciclagem. De outra forma, vamos à reciclagem e eliminamo-lo para sempre. Até porque a reciclagem começa a encher, a memória a ficar cheia de informação que não interessa, e o computador a ficar mais lento.
Se o reset implica esperança, o delete implica perda. Se o reset significa que, embora seja para ficar arquivado, queremos fazê-lo porque queremos guardar na memória aquela página, não queremos perder o seu significado, o delete significa que nada ficou.
Reset? Delete? Hesitamos muitas vezes. Não gosto do delete. Não gosto mesmo nada. Mas se ele existe, é por algum motivo, digo eu. Talvez a vida precise mesmo de um botão Delete. De qualquer forma, este domingo vou-lhe lá dar mais um abraço e desconversar como era costume. Faz um ano. Passou a correr...
A informática,
por exemplo, é complexa. Não a minha informática, claro, mas a informática dos
génios que elaboram os programas e descobrem estas coisas todas que depois nós
só usamos. Mas, dizem, é simples. Linguagem matemática. Há duas funções no
computador que, embora por vezes tenham o mesmo efeito, são completamente
diferentes. Reset e Delete.
Reset
implica recomeçar. Quando o computador bloqueia, quando lhe dá um vaipezito,
quando tem actualizações a fazer. Por vezes fazemos reset
voluntariamente, por vezes não temos opção. Mas fazemo-lo sempre com a esperança
que o que fizemos, o que estávamos a fazer, não desapareça da memória do
computador. Rezamos aos santinhos todos para que aquele trabalhinho não tenha
desaparecido. Enquanto ele recomeça, ficamos de olhos pregados ao écran e
suspiramos de alívio quando o trabalho se salvou. Porque, embora tenhamos que
recomeçar, queremos guardar o que fizemos.Delete implica apagar. Fazer desaparecer. Excepto quando carregamos na tecla por engano, é uma acto deliberado. Seleccionamos o que queremos apagar e apagamos. Se foi por engano que o fizemos, vamos à reciclagem. De outra forma, vamos à reciclagem e eliminamo-lo para sempre. Até porque a reciclagem começa a encher, a memória a ficar cheia de informação que não interessa, e o computador a ficar mais lento.
Se o reset implica esperança, o delete implica perda. Se o reset significa que, embora seja para ficar arquivado, queremos fazê-lo porque queremos guardar na memória aquela página, não queremos perder o seu significado, o delete significa que nada ficou.
Reset? Delete? Hesitamos muitas vezes. Não gosto do delete. Não gosto mesmo nada. Mas se ele existe, é por algum motivo, digo eu. Talvez a vida precise mesmo de um botão Delete. De qualquer forma, este domingo vou-lhe lá dar mais um abraço e desconversar como era costume. Faz um ano. Passou a correr...
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
E as pessoas que me fazem (ou já não) uma certa confusão.
Por vezes é muito difícil explicar por que as pessoas fazem o que fazem ou são como são.
Muitas vezes chego à conclusão que não há explicações, muito menos explicações
simples. Talvez a vida seja mesmo demasiado complicada. Com tantas, tantas
pessoas no mundo, cada uma com a sua maneira de pensar e de agir, pretender
saber como funciona a sua mente seria impossível. O nosso mundo é
consideravelmente mais pequeno. O meu, pelo menos, é, e há alturas em que
gostava que fosse ainda mais pequeno. Não
me importava nada de não ter de lidar com certas pessoas. Não me compete a mim
julgar. Cada um é como é. Mas tenho o direito de gostar ou não. Assim como os
outros têm o mesmo direito em relação a mim.
Há pessoas que me fazem muita, muita confusão. Mesmo os
meus sentimentos em relação a elas são contraditórios, balançando entre a pena,
a incredulidade, e a repugnância. São pessoas más. Pessoas que destilam ódio por
cada poro do seu corpo. São incapazes, completamente incapazes, de ver alguém
bem, feliz, bonito, bem-disposto. Passeiam o seu ódio por cada corredor, cada
sala, cada pequeno espaço que ocupem. Lê-se esse ódio nos olhos, ouve-se nas
palavras, sente-se nas suas acções. São pessoas amargas, muito amargas.
Pergunto-me se em algum momento se sentirão felizes, e chego à conclusão que
não. É impossível sê-lo quando só se pensa em como tentar prejudicar os outros, em como
lhes roubar a felicidade, a alegria. Como se se pudessem alimentar com a alegria
dos outros. Mas nem é isso que acontece. Não se alimentam com a alegria dos
outros, alimentam-se com a sua tristeza, com a sua infelicidade. Parecem
abutres, esperando o momento certo para desferir o golpe, para aparar o sorriso,
para afogar a auto-estima alheia.
Pergunto-me se isto será determinado genéticamente, se
já nascerão assim, não tendo hipótese de lutar contra os genes. Pergunto-me se a
vida as fez assim. A vida nem sempre é fácil, ou melhor, raramente é fácil, mas
não é fácil para ninguém. É algo tão intrínseco nelas que se calhar é mesmo
genético, como a cor dos olhos e do cabelo. "Sou loiro, tenho olhos
azuis, e só estou bem a pôr os outros em baixo". Isto seria muito
injusto. É só pintar o cabelo e fica-se ruivo, umas lentes transformam os olhos
na cor que se quiser. E o resto, não se pode mudar?
Acho que é impossível ser feliz assim. Daí o sentimento
de pena. Acho que estas pessoas vivem uma vida de constante frustração. São
invejosas, têm inveja da felicidade alheia porque não conseguem ser felizes. As
únicas culpadas são elas próprias, mas não conseguem ver isso. O seu único
objectivo é fazer mal, ofender, criticar, magoar. Pergunto-me se, quando viram
costas, já exibem um sorriso de satisfação ou se esperam até estarem sozinhas,
longe de outros olhares, para brindarem. Sim, porque brindam sozinhas. São tão
amargas que apenas devem beber limonada, não vão correr o risco de adoçar um
bocadinho. Tenho cá para mim que podiam pegar nos limões e, em vez de fazerem
limonada, podiam fazer um belo gin tónico. O resultado seria, seguramente,
melhor.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Pessoas assim...
Por vezes, na vida, encontramos pessoas especiais. Especiais porque não têm nada
de especial, excepto serem elas próprias, e isso faz toda a diferença. São
pessoas que nos tocam, que se tornam parte da nossa vida, sem as quais as coisas
não são iguais. Pessoas que transformam a nossa vida. Pessoas que nos fazem rir.
Pessoas que nos fazem acreditar em nós próprios, que as portas existem para
serem abertas. Pessoas que conhecem os nossos defeitos mas nos aceitam assim.
Pessoas que nos ajudam a melhorar. Pessoas que, quando o nosso mundo está escuro
e vazio, nos trazem um pouco de luz. Pessoas a quem queremos abraçar. Pessoas
bonitas. Pessoas assim, especiais. Quando encontramos pessoas assim, e essas
pessoas são nossas Amigas, o lugar delas é no nosso coração. É onde tu estás.
Sempre. Porque a Amizade não se explica, simplesmente acontece, porque a Amizade
tem nome, o nome dos nossos Amigos. Mesmo quando me magoas muito.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Q quizz: Descubra as diferenças em menos de 30 segundos!!!
Simetria? Novo tipo de arquitectura? Distracção? Esquecimento? Varanda para
pássaros? 3 pacotes de Casal da Eira tinto despachado pelos pedreiros quando fizeram isto?
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Serviço público culinário. Mais uma vez The Q man em vosso auxílio.
Mais uma vez preocupado convosco, pensei que para muitos homens (e algumas mulheres) que saíram há pouco de casa dos pais, as rotinas alimentares entram, sem grande tempo para adaptação, numa fase caótica. Os alimentos que mais facilmente deixam de fazer parte do quotidiano são a sopa e a fruta, precisamente os que mais falta fazem numa alimentação saudável. Já em termos emocionais, o recém-emancipado vê-se privado de bolos e doces. Deixarei a vertente pasteleira para outra oportunidade.
Quanto à fruta, levantem o cu da cadeira, comprem-na e descasquem-na. Nada mais fácil. Já relativamente à sopa, percebo que seja mais complicado, especialmente para quem nunca cozinhou na vida.
Se querem manter a linha, não se podem desleixar com a comida depois de se tornarem independentes! Quem vos aavisa é este vosso amigo sexagenário já com alguma experi~encia em cima do lombo. Por isso, mesmo que não gostem nem de sopa nem de cozinhar, sugiram que façam um esforço, a bem da manutenção das hipóteses de manter uma vida sexual normal. Mesmo para aqueles que já são parte integrante de uma relação duradoura e gratificante, convém ter sempre bom aspecto, pelo sim pelo não. Boas amantes não há por aí a potes.
Vamos lá à receita propriamente dita. Fazer sopa é muito fácil:
Em primeiro lugar, é preciso arranjar uma panela grandalhona. Há que comer sopa todos os dias (pelo menos uma vez), mas cozinhar é chato; por isso, fazê-la todos os dias é burrice. Isso faz com que uma panela grandalhona não seja nenhum erro, apesar de ser só para uma pessoa. Deste modo faz-se logo sopa para mais tempo. Se fosse para uma família inteira, já teria de ser uma panela grande comó caraças, mas neste caso a grandalhona serve.
Depois descascam-se batatas. O volume é conforme a larica. Se forem alarves descascam muitas, se forem piscos, cortam poucas. A batata é a cena geral da sopa. Tem de haver uma cena geral. Há quem faça de cenoura e de abóbora.
Põe-se a panela ao lume com a batata, para cozer e ficar bem molinha. Eu tenho um segredo, que torna a sopa especialmente cremosa, que é juntar água. Vou juntando a olho, até cobrir a batata, e depois vai-se continuando a juntar até acharmos que está fixe. Nunca falha.
A partir daqui, o fazer sopa é tão bonito como reintegrar malta num bairro social. Uma pessoa vai metendo todo o tipo de merdas ao calhas lá para dentro (neste caso da sopa, e não do bairro social, embora também lá vá parar muita) e fazendo experiências. Uma colherzinha de azeite (porque umas gorduras fazem sempre bem, embora não saiba bem a quê; se já tou a gastar tempo a fazer sopa não tenho pachorra para ir ver essa treta da roda dos alimentos e do corpo humano e das vitaminas), um bocadinho de cebola, cogumelos, delícias do mar. Epah, é como eu digo. Desde que os ingredientes sejam bons, também não pode ficar muito mal. Seja um pacote de ervilhas pré-congeladas ou parte do golden retriever da senhoria, desde que tudo seja mexido com carinho, é meio caminho andado para ficar uma sopa mesmo daqui (neste momento tirei as mãos do teclado e agarrei no lóbulo da orelha direita, tendo-o abanado de seguida).
O sal é uma questão de gosto. O que não é uma questão de gosto é, após provar a sopa para ver se precisa de mais uma pitada, voltar a colocar a mesma colher de pau na panela, no caso de sabermos que não vão ser os únicos a comê-la. Está erradíssimo, a menos que tenham muito à vontade com a(s) outra(s) pessoa(s), visto que parte integrante da intimidade é a badalh... isso, a intimidade e tal..
Depois vai-se mexendo. Se tiverem acesso a um portátil com internet de banda larga, o processo de mexer a sopa torna-se mais fácil, se o acompanharem do visionamento de coisas interessantes como por exemplo aquela do agora do Toni a explicar aos jornalistas iranianos porque é que levou mais uma coça e a culpa não é do nº 6 nem do guarda-redes e parece que havia lá um jornalista que já devia estar a dormir ou coisa que o valha.. Fica um creme que é uma maravilha.
Fácil, não acham? Já agora ensino-vos mais um truque meu. A sopa sabe sempre melhor no dia a seguir. Por isso, enquanto a põe no frigorífico, pegam numa saqueta de sopa juliana da Knorr e ficam o assunto resolvido a curto-prazo. Aliás, se vocês não forem parvos, em vez de terem trabalho a fazer sopa, terão carradas de saquetas nos frigorífico que é o que eu faço. Bom fim de semana pessoal.
Quanto à fruta, levantem o cu da cadeira, comprem-na e descasquem-na. Nada mais fácil. Já relativamente à sopa, percebo que seja mais complicado, especialmente para quem nunca cozinhou na vida.
Se querem manter a linha, não se podem desleixar com a comida depois de se tornarem independentes! Quem vos aavisa é este vosso amigo sexagenário já com alguma experi~encia em cima do lombo. Por isso, mesmo que não gostem nem de sopa nem de cozinhar, sugiram que façam um esforço, a bem da manutenção das hipóteses de manter uma vida sexual normal. Mesmo para aqueles que já são parte integrante de uma relação duradoura e gratificante, convém ter sempre bom aspecto, pelo sim pelo não. Boas amantes não há por aí a potes.
Vamos lá à receita propriamente dita. Fazer sopa é muito fácil:
Em primeiro lugar, é preciso arranjar uma panela grandalhona. Há que comer sopa todos os dias (pelo menos uma vez), mas cozinhar é chato; por isso, fazê-la todos os dias é burrice. Isso faz com que uma panela grandalhona não seja nenhum erro, apesar de ser só para uma pessoa. Deste modo faz-se logo sopa para mais tempo. Se fosse para uma família inteira, já teria de ser uma panela grande comó caraças, mas neste caso a grandalhona serve.
Depois descascam-se batatas. O volume é conforme a larica. Se forem alarves descascam muitas, se forem piscos, cortam poucas. A batata é a cena geral da sopa. Tem de haver uma cena geral. Há quem faça de cenoura e de abóbora.
Põe-se a panela ao lume com a batata, para cozer e ficar bem molinha. Eu tenho um segredo, que torna a sopa especialmente cremosa, que é juntar água. Vou juntando a olho, até cobrir a batata, e depois vai-se continuando a juntar até acharmos que está fixe. Nunca falha.
A partir daqui, o fazer sopa é tão bonito como reintegrar malta num bairro social. Uma pessoa vai metendo todo o tipo de merdas ao calhas lá para dentro (neste caso da sopa, e não do bairro social, embora também lá vá parar muita) e fazendo experiências. Uma colherzinha de azeite (porque umas gorduras fazem sempre bem, embora não saiba bem a quê; se já tou a gastar tempo a fazer sopa não tenho pachorra para ir ver essa treta da roda dos alimentos e do corpo humano e das vitaminas), um bocadinho de cebola, cogumelos, delícias do mar. Epah, é como eu digo. Desde que os ingredientes sejam bons, também não pode ficar muito mal. Seja um pacote de ervilhas pré-congeladas ou parte do golden retriever da senhoria, desde que tudo seja mexido com carinho, é meio caminho andado para ficar uma sopa mesmo daqui (neste momento tirei as mãos do teclado e agarrei no lóbulo da orelha direita, tendo-o abanado de seguida).
O sal é uma questão de gosto. O que não é uma questão de gosto é, após provar a sopa para ver se precisa de mais uma pitada, voltar a colocar a mesma colher de pau na panela, no caso de sabermos que não vão ser os únicos a comê-la. Está erradíssimo, a menos que tenham muito à vontade com a(s) outra(s) pessoa(s), visto que parte integrante da intimidade é a badalh... isso, a intimidade e tal..
Depois vai-se mexendo. Se tiverem acesso a um portátil com internet de banda larga, o processo de mexer a sopa torna-se mais fácil, se o acompanharem do visionamento de coisas interessantes como por exemplo aquela do agora do Toni a explicar aos jornalistas iranianos porque é que levou mais uma coça e a culpa não é do nº 6 nem do guarda-redes e parece que havia lá um jornalista que já devia estar a dormir ou coisa que o valha.. Fica um creme que é uma maravilha.
Fácil, não acham? Já agora ensino-vos mais um truque meu. A sopa sabe sempre melhor no dia a seguir. Por isso, enquanto a põe no frigorífico, pegam numa saqueta de sopa juliana da Knorr e ficam o assunto resolvido a curto-prazo. Aliás, se vocês não forem parvos, em vez de terem trabalho a fazer sopa, terão carradas de saquetas nos frigorífico que é o que eu faço. Bom fim de semana pessoal.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Quando caímos...
Quando caímos, das primeiras coisas que
fazemos é tentar perceber porque e como caímos, e avaliar os estragos
resultantes da queda. Não é só o tamanho da queda que é importante. Podemos dar
uma grande queda e escapar sem um arranhão, ou podemos apenas tropeçar e
aleijar-nos a sério. Depende da forma como caímos, da nossa maior ou menor
resistência, do terreno em que aterramos, dos obstáculos que encontramos em
pleno voo descendente. Dependerá também da sorte, talvez.
Muitas vezes não são os grandes
obstáculos que nos fazem cair. Esses, vêem-se à distância, estamos prevenidos
contra eles. Por vezes, podemos até avaliar e ver se vale a pena ou não
dispender tempo e energia a ultrapassá-los, arriscar ferir-nos. Não raramente
são as coisas pequenas que nos fazem cair em grande. São tão pequenas que não as
vemos a não ser quando nos acertam com força, ou quando nós acertamos nelas. Nem
sempre conseguimos equilibrar-nos a tempo e evitar a queda. Caímos,
levantamo-nos, continuamos em frente. Mas nem sempre damos às feridas que daí
resultam a atenção devida. Se os pequenos arranhões não precisam de grandes
cuidados, o mesmo não acontece com as feridas maiores. Deixadas à sua sorte,
podem trazer resultados não esperados. Uma ferida não tratada demora muito mais
a cicatrizar. Quantas vezes parece que está quase curada e a sua crosta cai
porque se encontra desprotegida, e a ferida continua por curar. Porque a
ignoramos. Porque nos queremos mostrar fortes. Porque não queremos admitir mesmo
para nós próprios que ela está ali. Não adianta muito, digo eu, assim como não
adianta comparar as nossas quedas e as nossas feridas com as dos outros.
Ferimo-nos de maneiras diferentes e cicatrizamos de maneira diferente.
Podemos não querer que a ferida
cicatrize, para nos lembrar sempre que não podemos voltar a cair no mesmo sítio,
ou porque gostamos de sofrer, mexendo constantemente na ferida para que
permaneça ali, bem viva. Esta será, talvez, a pior forma.
Podemos esperar que, um dia, a pele
esteja tão calejada que seja qual for a queda, nada lhe acontecerá. Mas, não
será que a pele ao tornar-se assim tão dura não perde também a sensibilidade, a
capacidade de sentir?
Ou podemos acreditar que é normal,
depois de uma queda, ter uma ou outra ferida para tratar, assim como acreditar
que o primeiro passo para a
tratar é olhar para ela.
Hoje a Maria começou a tratar da sua ferida. E não caiu. A vida fê-la tropeçar mas ela equilibra-se sempre.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Esta tramou-me...
"Reading, after a certain age, diverts the mind too much from its creative pursuits. Any man who reads too much and uses his own brain too little falls into lazy habits of thinking."
Albert Einstein
Albert Einstein
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Call me old fashioned... a ver se me ralo.
"Golden Rule: I do not buy dinner to get the Yes. Dinner is a very intimate activity. It requires a level of connection and eye contact that sex just doesn't. Call me old fashioned, but I need to have sex with a girl at least three times before I'll even consider having dinner with her."
by Barney Stinson
by Barney Stinson
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Contra a parede...
Levanta. Não, não, tens que enfiar vindo de baixo. Mais abaixo... Vira mais para cima. Isso... assim. Continua, que eu aguento. Espera!, ainda não... Que foi, querido, magoaste-te? Não lhe dês com tanta força... Mais devagar... assim, sim. Segura tu... não consegues? Vá, eu levanto deste lado... está quase... sim, assim! Força, isso... agora, agora!
Ai!
Bolas, voltou a cair caliça. Peso a mais, com pregos não vamos lá. Vais ter que usar escápula e bucha...
Ai!
Bolas, voltou a cair caliça. Peso a mais, com pregos não vamos lá. Vais ter que usar escápula e bucha...
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Dizer asneiras é como cagar ao contrário (post com bolinha a começar logo pelo título).
Um gajo estimula uma qualquer ponta do corpo:
-uma calcadela num dedo mindinho por um tacão aguçado,
-umas amassadelas no juízo por um chato qualquer,
-umas empurradelas na alma por problemas na vida.
A irritação ou a dor passam pelos nervos, pelos músculos, pelas veias, acumulam-se no estômago. Enrola-se no estômago, para um lado e para o outro, um croquete de nervoso com camadas de ácido. Quando já está uma bola grande passa pelas tubagens apropriadas, é empurrada com um bocado de ar, modelada com a língua, a boca abre-se e lá vai um “puta que pariu esta merda toda!!!”. É mais ou menos isto hoje.
-uma calcadela num dedo mindinho por um tacão aguçado,
-umas amassadelas no juízo por um chato qualquer,
-umas empurradelas na alma por problemas na vida.
A irritação ou a dor passam pelos nervos, pelos músculos, pelas veias, acumulam-se no estômago. Enrola-se no estômago, para um lado e para o outro, um croquete de nervoso com camadas de ácido. Quando já está uma bola grande passa pelas tubagens apropriadas, é empurrada com um bocado de ar, modelada com a língua, a boca abre-se e lá vai um “puta que pariu esta merda toda!!!”. É mais ou menos isto hoje.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
A mão.
"Não digas nada, dá-me só a mão. Palavra de honra que não é preciso dizer nada, a
mão chega. Parece-te estranho que a mão chegue, não é, mas chega.
(...) Vou
contar-te um segredo: há alturas em que as migalhas ajudam."
António Lobo Antunes, Migalhas
António Lobo Antunes, Migalhas
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Ate poderia escrever um post daqueles profundos comó caraças...
...se tivesse algo de jeito para dizer aqui no blog. Assim daria a entender que certos momentos na vida seriam pontos de viragem, que a importância do que revelam é incontornável e irreversível, ou de que podem mudar mentalidades e posturas.
O que seria muito pretencioso da minha parte. Não é por dá-cá-aquela-palha que passarei a escrever coisas dignas de Nobel.
Fico-me por aqui, mesmo. Aliás, estou sem vontadinha nenhuma de fazer seja o que for, a não ser ir almoçar a casa que tenho lá miúda por estes dias e ela cozinha bem :)
Hasta ya!
O que seria muito pretencioso da minha parte. Não é por dá-cá-aquela-palha que passarei a escrever coisas dignas de Nobel.
Fico-me por aqui, mesmo. Aliás, estou sem vontadinha nenhuma de fazer seja o que for, a não ser ir almoçar a casa que tenho lá miúda por estes dias e ela cozinha bem :)
Hasta ya!
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Vou ali a um sítio e já venho.
Estou além
António Variações
Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
O meu mundo
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só quero estar
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
António Variações
Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
O meu mundo
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só quero estar
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Expliquem-me lá isto... cum camandro!!
Somos tão saloios que às vezes deixa de ter piada. Qual é a cena com os macarons e os cupcakes? De repente tudo quanto é blog descobre que não podia viver só com garibaldis, rins ou palmiers recheados e que a vida só tem sentido com aqueles bolos que é costume ver muito bem fotografados num Tumbler qualquer na net.
Eu gosto de pirâmides. sim, o tal bolo que se deve evitar. Já falei com pasteleiros, eles confirmam, não é lenda urbana, é verdade. Mas sabem bem.
As melhores são as da Evian, de Benfica (já vos contei que morei em Benfica, mesmo ali ao lado do Fonte Nova - do lado dos pintas e não dos bétinhos do Califa - e que foram uns anos muito reb... simpáticos?). Como são feitas de restos e raspas de bolos bons, ficam óptimas. No entanto, e mesmo com aquela poia de creme branco e uma cereja em calda em cima, não perdem o ar de poia no seu todo, coberta de chocolate, em toda a sua glória. São inestéticas, dir-se-á.
Já estes bolos que ficam bem para a foto e que estão na moda, são género filha-do-néné: têm um ar porreiro, muito bem conseguido, mas no fim nunca sabemos bem o que estamos a comer.
É minha convicção que foram inventados por fotógrafos de alimentos e são feitos de esferovite, creme de barbear, pó de extintor, fita isoladora e dan-cakes. O que for preciso, desde que tenha bom ar.
E ainda perdem tempo a discutir orçamentos de estado.
Vou ali mamar uns pastéis de Belem e já venho.
Eu gosto de pirâmides. sim, o tal bolo que se deve evitar. Já falei com pasteleiros, eles confirmam, não é lenda urbana, é verdade. Mas sabem bem.
As melhores são as da Evian, de Benfica (já vos contei que morei em Benfica, mesmo ali ao lado do Fonte Nova - do lado dos pintas e não dos bétinhos do Califa - e que foram uns anos muito reb... simpáticos?). Como são feitas de restos e raspas de bolos bons, ficam óptimas. No entanto, e mesmo com aquela poia de creme branco e uma cereja em calda em cima, não perdem o ar de poia no seu todo, coberta de chocolate, em toda a sua glória. São inestéticas, dir-se-á.
Já estes bolos que ficam bem para a foto e que estão na moda, são género filha-do-néné: têm um ar porreiro, muito bem conseguido, mas no fim nunca sabemos bem o que estamos a comer.
É minha convicção que foram inventados por fotógrafos de alimentos e são feitos de esferovite, creme de barbear, pó de extintor, fita isoladora e dan-cakes. O que for preciso, desde que tenha bom ar.
E ainda perdem tempo a discutir orçamentos de estado.
Vou ali mamar uns pastéis de Belem e já venho.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Momento National Geographic... ribatejano.
As chocas sempre me fascinaram. Não por elas, que afinal não passam de chocas, mas por aquele secreto poder que detêm e que eu nunca entendi.
As chocas, animais ruminantes e de ar imbecil, deslocam-se em ruidosos grupos abanando os badalos e têm os seus cinco minutos de fama quando largadas na arena envolvem o touro, até aí bravo e renitente, e o transformam num manso cordeiro que as segue obedientemente até aos curros.
Nunca consegui perceber como as chocas fazem isto, mas também nunca consegui perceber se o touro vai atrás das chocas ou dos badalos das chocas. Certo é que o touro as segue o Tordo fez questão de também as cantar e, mal ou bem, saem de cena debaixo de uma salva de palmas que mesmo sendo de alívio sempre são palmas. Os campinos, homens sábios, enxotam-nas com varas longas sem se aproximarem muito, não por medo do toiro que anda já lá no meio mas por saberem que é nelas que não podem confiar. E as chocas, armadas em estrelas de olhar bovino e estúpido lá vão cumprindo a sua sina e tirando o touro das luces para o encaminharem para a morte certa inglória e solitária do matadouro mais próximo.
Digo outra vez, não percebo, nunca percebi, porque é que os touros, animais nobres e bravios, depois de derrubarem cavaleiros, forcados, peões de brega e tudo o mais que lhes apareça à frente metem os cornos entre os ombros e seguem obedientemente as chocas.
Mistérios da natureza, só pode.
As chocas, animais ruminantes e de ar imbecil, deslocam-se em ruidosos grupos abanando os badalos e têm os seus cinco minutos de fama quando largadas na arena envolvem o touro, até aí bravo e renitente, e o transformam num manso cordeiro que as segue obedientemente até aos curros.
Nunca consegui perceber como as chocas fazem isto, mas também nunca consegui perceber se o touro vai atrás das chocas ou dos badalos das chocas. Certo é que o touro as segue o Tordo fez questão de também as cantar e, mal ou bem, saem de cena debaixo de uma salva de palmas que mesmo sendo de alívio sempre são palmas. Os campinos, homens sábios, enxotam-nas com varas longas sem se aproximarem muito, não por medo do toiro que anda já lá no meio mas por saberem que é nelas que não podem confiar. E as chocas, armadas em estrelas de olhar bovino e estúpido lá vão cumprindo a sua sina e tirando o touro das luces para o encaminharem para a morte certa inglória e solitária do matadouro mais próximo.
Digo outra vez, não percebo, nunca percebi, porque é que os touros, animais nobres e bravios, depois de derrubarem cavaleiros, forcados, peões de brega e tudo o mais que lhes apareça à frente metem os cornos entre os ombros e seguem obedientemente as chocas.
Mistérios da natureza, só pode.
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Qualquer coisa que não sei.
Apetece-me qualquer coisa que não sei.
Não me apetece ir.
Não me apetece ir, mas também não me apetece ficar.
Não me apetece ir, também não me apetece ficar e talvez até me apeteça um bocadinho ir.
Não me apetece ir, também não me apetece ficar, talvez até me apeteça um bocadinho ir, mas não tenho a certeza.
Não me apetece ir, também não me apetece ficar, talvez até me apeteça um bocadinho ir, não tenho a certeza, mas tenho a certeza que não quero ficar.
Não me apetece ir, também não me apetece ficar, talvez até me apeteça um bocadinho ir, não tenho a certeza, tenho a certeza que não quero ficar, o melhor é talvez ir.
Não me apetece ir, também não me apetece ficar, talvez até me apeteça um bocadinho ir, não tenho a certeza, tenho a certeza que não quero ficar, o melhor é talvez ir, nem que seja para não ter de ficar.
(Janelas Verdes)
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Quae ali.
«O Mundo vai-se tornando uma contrafacção universal do Boulevard e da Regent-street. E o modelo das duas cidades é tão invasor que, quanto mais uma raça se desoriginaliza, e se curva à moda francesa ou britânica, mais se considera a si mesma civilizada e merecedora dos aplausos do Times.» (Eça de Queiroz, Ecos de Paris).
(Travessa Conde de Jesus)
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Olimpico!!
O Brasil ganhou mais um adepto no vólei!!! Que técnica, que táctica, que uma data de coisas que não interessam nada agora!!!
(Jaqueline Carvalho... e joga mesmo muito.)
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Gosto.
Gosto, sim, gosto, de palavras meigas, fugidias por entre promessas vãs, fúteis,
que não valem nada.
Gosto de me sentir bem, e não pensar no futuro, gosto de me sentir superficial e desejado, ainda que pelas pessoas erradas, e de viver sem pensar muito, como se o amanhã não interessasse nada.
Gosto de viver depressa, de acordar ao lado de pessoas que mal me lembro do nome a olharem-me com veneração, mas também gosto da situação oposta.
Gosto de vestir caro enquanto sou trolha, gosto de guiar tractores de 200 cavalos sentado em boxers mais caros do que eles.
Gosto de apanhar chuva e de me rir dela, de ser director mas preferir carregar estrume, gosto de andar com a barba de um mês como se fosse pedinte, mas guiar um BM que veria a arder com um sorriso, gosto de não querer saber de nada.
Gosto de contrastes e conhecer pessoas, gosto de línguas diferentes, gosto de anarcas e de excentricamente ricos, gosto de pessoas que não se preocupam com nada, mas que vivem intensamente e davam a vida por sentir mais.
Gosto de dar 100 EUR a um pobre enquanto lhe sorrio, ou de gastar 1000 num fim-de-semana paradisíaco e não tirar fotos, gosto, sim, gosto, de me sentir bem, de surpresas e de surpreender.
Gosto de computadores topo de gama e telemóveis de última geração, BMs e cartões de crédito sem plafond, mas gosto muito mais de podar laranjeiras, de cortar relva, de forquilhas e ancinhos e gosto de gostar mais destes últimos do que dos primeiros.
Gosto de almoçar em restaurantes absurdamente caros, jantar em tascos por entre amigos, e divertir-me mais nestes segundos, mas pensar sempre, sempre, que em qualquer dos casos, que comeria melhor em casa da minha mãe.
Gosto de brincar com a espuma, com a do mar e com a da sociedade, e pior, de a criticar e enxovalhar, mas estar absolutamente consciente que faço estrondosamente parte dela e do rebanho.
Gosto de falar com directores por entre whiskies quase da minha idade, e de seguida argumentar com trolhas por entre minis em cafés enegrecidos, e tratá-los a todos por igual.
Gosto de arriscar e de jogar, de ganhar, de descobrir o que fiz mal quando perco, de lidar com o triunfo e a derrota e ignorá-los aos dois, de sonhar sem viver obcecado, de esperar sem me cansar, de lutar por aquilo que gosto, de ter sorte, de ignorar o azar, mas acima de tudo, gosto de acreditar, de viver, e de amar.
Gosto de me sentir bem, e não pensar no futuro, gosto de me sentir superficial e desejado, ainda que pelas pessoas erradas, e de viver sem pensar muito, como se o amanhã não interessasse nada.
Gosto de viver depressa, de acordar ao lado de pessoas que mal me lembro do nome a olharem-me com veneração, mas também gosto da situação oposta.
Gosto de vestir caro enquanto sou trolha, gosto de guiar tractores de 200 cavalos sentado em boxers mais caros do que eles.
Gosto de apanhar chuva e de me rir dela, de ser director mas preferir carregar estrume, gosto de andar com a barba de um mês como se fosse pedinte, mas guiar um BM que veria a arder com um sorriso, gosto de não querer saber de nada.
Gosto de contrastes e conhecer pessoas, gosto de línguas diferentes, gosto de anarcas e de excentricamente ricos, gosto de pessoas que não se preocupam com nada, mas que vivem intensamente e davam a vida por sentir mais.
Gosto de dar 100 EUR a um pobre enquanto lhe sorrio, ou de gastar 1000 num fim-de-semana paradisíaco e não tirar fotos, gosto, sim, gosto, de me sentir bem, de surpresas e de surpreender.
Gosto de computadores topo de gama e telemóveis de última geração, BMs e cartões de crédito sem plafond, mas gosto muito mais de podar laranjeiras, de cortar relva, de forquilhas e ancinhos e gosto de gostar mais destes últimos do que dos primeiros.
Gosto de almoçar em restaurantes absurdamente caros, jantar em tascos por entre amigos, e divertir-me mais nestes segundos, mas pensar sempre, sempre, que em qualquer dos casos, que comeria melhor em casa da minha mãe.
Gosto de brincar com a espuma, com a do mar e com a da sociedade, e pior, de a criticar e enxovalhar, mas estar absolutamente consciente que faço estrondosamente parte dela e do rebanho.
Gosto de falar com directores por entre whiskies quase da minha idade, e de seguida argumentar com trolhas por entre minis em cafés enegrecidos, e tratá-los a todos por igual.
Gosto de arriscar e de jogar, de ganhar, de descobrir o que fiz mal quando perco, de lidar com o triunfo e a derrota e ignorá-los aos dois, de sonhar sem viver obcecado, de esperar sem me cansar, de lutar por aquilo que gosto, de ter sorte, de ignorar o azar, mas acima de tudo, gosto de acreditar, de viver, e de amar.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Email stuff.
Sherlock Holmes e Watson vão acampar.
Montam a tenda e, depois de uma boa refeição e uma garrafa de vinho, deitam-se para dormir.
Algumas horas depois, Holmes acorda e diz para o seu fiel amigo:
- Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê.
Watson responde:
- Vejo milhares e milhares de estrelas.
Holmes então pergunta:
- E o que isso significa?
Watson pondera por um minuto, depois enumera:
1. Astronomicamente, significa que há milhares e milhares de galáxias, e, potencialmente, milhões de planetas.
2. Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão e teremos um dia de sorte.
3. Temporalmente, deduzo que são aproximadamente 03h15 pela altura em que se encontra a Estrela Polar.
4. Teologicamente, posso ver que Deus é todo-poderoso e somos pequenos e insignificantes.
5. Meteorologicamente, suspeito que teremos um lindo dia. Correcto?
Holmes fica um minuto em silêncio e diz:
- Foda-se ... Watson, não vê que nos gamaram a puta da tenda?!!...
Montam a tenda e, depois de uma boa refeição e uma garrafa de vinho, deitam-se para dormir.
Algumas horas depois, Holmes acorda e diz para o seu fiel amigo:
- Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê.
Watson responde:
- Vejo milhares e milhares de estrelas.
Holmes então pergunta:
- E o que isso significa?
Watson pondera por um minuto, depois enumera:
1. Astronomicamente, significa que há milhares e milhares de galáxias, e, potencialmente, milhões de planetas.
2. Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão e teremos um dia de sorte.
3. Temporalmente, deduzo que são aproximadamente 03h15 pela altura em que se encontra a Estrela Polar.
4. Teologicamente, posso ver que Deus é todo-poderoso e somos pequenos e insignificantes.
5. Meteorologicamente, suspeito que teremos um lindo dia. Correcto?
Holmes fica um minuto em silêncio e diz:
- Foda-se ... Watson, não vê que nos gamaram a puta da tenda?!!...
terça-feira, 7 de agosto de 2012
A dúvida...
Hoje ao almoço fui mais uma vez apontado para a minha "botadeelastiquice" no que diz respeito a certas regras indumentárias. Não usando gravata por causa do calor ( e porque o Ban Ki Moon e a ministra da agriculrura dizem que é bom para poupar nos ares condicionados e tal) deixo normalmente apenas o primeiro botão desabotoado. "Ai e tal que pareces um padre e tal..." e "abre lá mais um que ficas com ar mais light...". E vou eu e digo "mas assim é mais cool e tem mais classe" (na minha ingenuinidade, eu sei...) e se abro o outro fico igual ao Portas. Digam-me lá por caridade qual fica melhor, a ver se eu me torno um bocado menos sexagenário nesta coisa da roupa. Gosto que a miudagem nova repare aqui no cota e não desate a comentar que pareço um daqueles que passa as tardes a jogar ao dominó no Jardim da Estrela.
(coloco duas fotos da net comparativas para vos ilustrar o meu ponto de vista sem qualquer parcialidade.)
(coloco duas fotos da net comparativas para vos ilustrar o meu ponto de vista sem qualquer parcialidade.)
Sou eu e o Perry Mason.
A minha formação académica não é em direito embora ache que daria um grande advogado. Tipo Perry Mason a contra interrogar no tribunal. Gostava especialmente daquelas partes (à americana que já me explicaram que cá é tudo uma cambada de xoninhas e que se não dizes tudo à primeira e levas as testemunhas todas logo... azar) em que poderia dizer "Protesto!" e o Juiz diria "Deferido. Cuidado com essa linha de interrogatório Xotor..." Enfim... isto para vos dizer também que no meu trabalho tenho de lidar com alguns aspectos legais e como não gosto de esperar uma semana por um qualquer parecer a dizer o que eu já desconfiava e pagar por isso, vou muitas vezes procurar no código o que me interessa. E isto porquê? Porque assim permite-me ir conhecer os meandros da lei e assim
conhecer (mas nunca fazer!!! sabe-se lá quem lê isto...) umas pequenas "ilegalidades legais".
A mais conhecida talvez seja mesmo a elisão fiscal, que difere bastante de evasão fiscal. Enquanto que na evasão fiscal há uma fuga à lei, na elisão, aproveita-se as lacunas da lei para a contornar, sem cometer nenhuma ilegalidade. Bem, mas não maço mais com isto que até eu já estou a começar a ficar entediado.
Vou antes dar-vos uma dica útil para o dia a dia. O fenómeno da usocapião (e não uso campião como muita gente pensa, inclusive eu mas disfarçava sempre porque dizia a palavra rápido e ninguém percebia. Acho eu). Depois não digam que não levam nada daqui. Dispõe o art. 1299.º, do Código Civil que "A usucapião de coisas não sujeitas a registo dá-se quando a posse, de boa fé e fundada em justo título, tiver durado três anos, ou quando, independentemente de boa fé e de título, tiver durado seis anos."
Ora, o que quer isto dizer? De certeza que quase toda a gente tem coisas "emprestadadas", como CD's, livros, DVD's, etc. E por vezes as coisas ficam anos e anos em nossa casa e nunca nos lembramos de devolver a coisa em questão. Ora, se estiverem de boa fé, passados 3 anos a coisa passa a ser vossa. E mesmo que não estejam de boa fé, passados 6 anos, o objecto passa igualmente a ser vosso! É uma óptima maneira de usurpar coisas. Por isso, quando vos vierem perguntar pelo CD que vos emprestaram aqui há uns anos, respondem qualquer coisa como: "Qual teu CD? O MEU CD!!".
É a lei.
E isto faz-me pensar que já tenho uma jeitosa colecção de coisas usucapidas...uma prateleira quase cheia!
Eu não valho nada...
A mais conhecida talvez seja mesmo a elisão fiscal, que difere bastante de evasão fiscal. Enquanto que na evasão fiscal há uma fuga à lei, na elisão, aproveita-se as lacunas da lei para a contornar, sem cometer nenhuma ilegalidade. Bem, mas não maço mais com isto que até eu já estou a começar a ficar entediado.
Vou antes dar-vos uma dica útil para o dia a dia. O fenómeno da usocapião (e não uso campião como muita gente pensa, inclusive eu mas disfarçava sempre porque dizia a palavra rápido e ninguém percebia. Acho eu). Depois não digam que não levam nada daqui. Dispõe o art. 1299.º, do Código Civil que "A usucapião de coisas não sujeitas a registo dá-se quando a posse, de boa fé e fundada em justo título, tiver durado três anos, ou quando, independentemente de boa fé e de título, tiver durado seis anos."
Ora, o que quer isto dizer? De certeza que quase toda a gente tem coisas "emprestadadas", como CD's, livros, DVD's, etc. E por vezes as coisas ficam anos e anos em nossa casa e nunca nos lembramos de devolver a coisa em questão. Ora, se estiverem de boa fé, passados 3 anos a coisa passa a ser vossa. E mesmo que não estejam de boa fé, passados 6 anos, o objecto passa igualmente a ser vosso! É uma óptima maneira de usurpar coisas. Por isso, quando vos vierem perguntar pelo CD que vos emprestaram aqui há uns anos, respondem qualquer coisa como: "Qual teu CD? O MEU CD!!".
É a lei.
E isto faz-me pensar que já tenho uma jeitosa colecção de coisas usucapidas...uma prateleira quase cheia!
Eu não valho nada...
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Mais uma vez The Q Man vem em vosso auxílio.
Uma das coisas
que se vão adicionando à minha existência, mais por via da idade e da
experiência acumulada, é a técnica de mãos. Como sabem, o homem moderno -
dizem as revistas da especialidade - é uma espécie de sedutor inspirado no
modelo do Ryan Gosling no filme "Crazy Stupid Love", sendo que uma
das características que se destaca é o conhecimento do vestuário feminino, e de
todos os seus segredos. Bem, na verdade, acabei de inventar isto, mas achei que
ficava bem fazer uma introdução com referências cinematográficas. Mesmo não se
tratando de um filme laureado - nem de perto nem de longe - fica sempre bem.
Mas vamos ao que interessa: um dos piores inimigos de um homem é o soutien (não gosto de escrever "sutiã", não tem aquele je ne sais quoi da língua francesa). Não sei o que se passa com alguns dos meus amigos, ou das suas faltas de jeito, já que quando os oiço fico a pensar que a destreza manual deles assemelha-se à de um australopiteco, mas o facto é que simplesmente não conseguem desapertar o dito cujo. Para alguns é uma tarefa tão ou mais complicada que descobrir o segredo de um cofre da Securitas. Eles bem que tentam andar ali às voltas, puxar de um lado, puxar de outro, tentar cruzar os ganchos, e nada. É de um charme descomunal, como se pode imaginar.
Por isso, o conselho que vos deixo é o seguinte: se não souberem, deixem que sejam elas a tirá-lo. Poupam tempo e, acima de tudo, dignidade.
Mas vamos ao que interessa: um dos piores inimigos de um homem é o soutien (não gosto de escrever "sutiã", não tem aquele je ne sais quoi da língua francesa). Não sei o que se passa com alguns dos meus amigos, ou das suas faltas de jeito, já que quando os oiço fico a pensar que a destreza manual deles assemelha-se à de um australopiteco, mas o facto é que simplesmente não conseguem desapertar o dito cujo. Para alguns é uma tarefa tão ou mais complicada que descobrir o segredo de um cofre da Securitas. Eles bem que tentam andar ali às voltas, puxar de um lado, puxar de outro, tentar cruzar os ganchos, e nada. É de um charme descomunal, como se pode imaginar.
Por isso, o conselho que vos deixo é o seguinte: se não souberem, deixem que sejam elas a tirá-lo. Poupam tempo e, acima de tudo, dignidade.
Não precisam agradecer. Estou cá para isto mesmo.
sábado, 4 de agosto de 2012
...
Já estou com saudades disto mas também estava com saudades vossas... (fica sempre bem e é bonito dizer estas coisas para isto parecer um bloguinho fofuxo, não é? Mas para ser sincero... nem me lembrei... minto... houve ali um momento enquanto esperava pelos percebes e mandava mais uma caña abaixo que assim de repente e duma forma veloz tive um vislumbre disto aqui ;) )
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Ser homem também é isto... ou um bocado menos talvez.
Ontem, depois de jantar com a miúda, ainda fui a uma tasca basca (para me ir preparando para a semana que vem) apreciar boa companhia e depois de alguma negociação a ver onde é que se ia acabar a noite e tal... fui despachado para casa. O costume. Assim voltei ao bairro e ainda parei no spot do costume para dois dedos de conversa e um copo antes de deitar. Ora bem, estava na minha, quando vejo uma situação que reflecte bem o que somos e que elas não conseguem, nem conseguirão perceber..
Estavam uns quantos miúdos de 9/10 anos a jogar à bola na rua, com aquelas balizas feitas com pedras, quando um deles, manda um biqueiro totalmente desgovernado, que a bola vai parar lá a cascos de rolha.
No momento em que bola falha o alvo, estava um senhor a passear com a filha pequena, que não devia ter mais que 5 anos, ensinando-a a andar de bicicleta, ou seja, amparando-a para ela não cair, enquanto ela pedalava. Quando o homem vê a bola a passar por ele, larga tudo (ou seja, a filha), e corre atrás da bola, apanhando-a, e começando a dar toques antes de devolver a bola aos putos, contrafeito. Entretanto, a miúda, como não sabia andar de bicicleta, estava estatelada no chão a chorar, só dando o pai por isso quando devolveu a bola aos putos. O pior é que eu compreendi o homem, porque também estava com uma vontade de gamar a bola aos putos e dar uns toques...
Estavam uns quantos miúdos de 9/10 anos a jogar à bola na rua, com aquelas balizas feitas com pedras, quando um deles, manda um biqueiro totalmente desgovernado, que a bola vai parar lá a cascos de rolha.
No momento em que bola falha o alvo, estava um senhor a passear com a filha pequena, que não devia ter mais que 5 anos, ensinando-a a andar de bicicleta, ou seja, amparando-a para ela não cair, enquanto ela pedalava. Quando o homem vê a bola a passar por ele, larga tudo (ou seja, a filha), e corre atrás da bola, apanhando-a, e começando a dar toques antes de devolver a bola aos putos, contrafeito. Entretanto, a miúda, como não sabia andar de bicicleta, estava estatelada no chão a chorar, só dando o pai por isso quando devolveu a bola aos putos. O pior é que eu compreendi o homem, porque também estava com uma vontade de gamar a bola aos putos e dar uns toques...
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Encontrei-me comigo.
Foi naquele sítio novamente. Não fiz de propósito, acreditem. Encontrei-me casualmente comigo há dias.
Havia tempos que não me via. Estava sentado num penedo. Agachei-me e perguntei-me o que tinha. Olhei-me nos olhos... Não... O olhar estava parado, fixo num ponto de fuga, a quilómetros de distância. Respondi que não tinha nada, enquanto recordava os meus, que amo, e uma vida por acabar.
Olhei-me com o mesmo olhar vazio, sem emoção que classifique o bater do coração.
Tenho vindo a adequar o discurso, pela constatação clara de que já não importa o "ser" das coisas. Importa-lhes principalmente o "ter". Daí que o saber, aquela faixa estreita onde a crença e a verdade se sobrepõem, pouco importe; porque é relativo, muito relativo...
Às voltas com este transe... O sábio que antes invejámos ao afirmar "só sei que nada sei", demonstrando clareza sobre a enorme variedade de conhecimentos que houvesse para apreender, face à diminuta capacidade do Homem para tal grandeza, hoje é o que apregoa ao vento "só sei que nada tenho".
Por isso a inteligência se mede cada vez mais pelo sucesso, pelas influências apropriadas, do que por formas de pensar. Louco já não é o que se passou do juízo, que se designa, também em contra-senso, por "infeliz". Louco é o que vive sem nada, porque nada soube amealhar, esse sim temido e repudiado por todos.
Consequentemente tenho de admitir que "tenho, logo, existo". Deixo para trás o paralelismo em que a consciência do ser se relacionava com a actividade cognitiva, negando o insano. A afirmação do sábio remete-nos agora, por silogismo, à definição de existência apenas para quem possui.
Esta afirmação completa-se em círculo; pela conclusão de que o sábio, que afirma que nada tem, na realidade estar em rota de negação com a sua própria existência, o que confirma a tese de que o saber é, não apenas tendencialmente inútil, como uma via directa para o ostracismo, para a marginalização, para o degredo.
A sociedade ensina-nos que sem ter não haverá saber, e isso definirá a nossa permanência. O saber, que nos negaria a essência, é-nos assim fornecido a conta-gotas. Na medida exacta a permitir que continuemos a fomentar a ambição, e dessa forma levar-nos a justificar a nossa existência.
Tecidas estas considerações sumárias comigo, resta-me a imodéstia de vos confessar que não existo. O que me torna no imortal mais procurado do planeta. Sou também, por isso, o único sábio ignorante, e aqui aproximo-me do conceito antigo, mas por razões diversas...
Deixei-me a olhar inexpressivamente para o tal ponto de fuga. Afastei-me desse louco que nada tem.
Ao fundo as luzes da cidade atraíram-me como cantos de sereia. A tal cidade... Onde de tudo existe, a mesma onde nada se sabe, aquela onde tudo se conquista.
E fiquei a pensar, numa ambição antiga... Se ao menos tivesse juízo... Mas não tenho :)
Havia tempos que não me via. Estava sentado num penedo. Agachei-me e perguntei-me o que tinha. Olhei-me nos olhos... Não... O olhar estava parado, fixo num ponto de fuga, a quilómetros de distância. Respondi que não tinha nada, enquanto recordava os meus, que amo, e uma vida por acabar.
Olhei-me com o mesmo olhar vazio, sem emoção que classifique o bater do coração.
Tenho vindo a adequar o discurso, pela constatação clara de que já não importa o "ser" das coisas. Importa-lhes principalmente o "ter". Daí que o saber, aquela faixa estreita onde a crença e a verdade se sobrepõem, pouco importe; porque é relativo, muito relativo...
Às voltas com este transe... O sábio que antes invejámos ao afirmar "só sei que nada sei", demonstrando clareza sobre a enorme variedade de conhecimentos que houvesse para apreender, face à diminuta capacidade do Homem para tal grandeza, hoje é o que apregoa ao vento "só sei que nada tenho".
Por isso a inteligência se mede cada vez mais pelo sucesso, pelas influências apropriadas, do que por formas de pensar. Louco já não é o que se passou do juízo, que se designa, também em contra-senso, por "infeliz". Louco é o que vive sem nada, porque nada soube amealhar, esse sim temido e repudiado por todos.
Consequentemente tenho de admitir que "tenho, logo, existo". Deixo para trás o paralelismo em que a consciência do ser se relacionava com a actividade cognitiva, negando o insano. A afirmação do sábio remete-nos agora, por silogismo, à definição de existência apenas para quem possui.
Esta afirmação completa-se em círculo; pela conclusão de que o sábio, que afirma que nada tem, na realidade estar em rota de negação com a sua própria existência, o que confirma a tese de que o saber é, não apenas tendencialmente inútil, como uma via directa para o ostracismo, para a marginalização, para o degredo.
A sociedade ensina-nos que sem ter não haverá saber, e isso definirá a nossa permanência. O saber, que nos negaria a essência, é-nos assim fornecido a conta-gotas. Na medida exacta a permitir que continuemos a fomentar a ambição, e dessa forma levar-nos a justificar a nossa existência.
Tecidas estas considerações sumárias comigo, resta-me a imodéstia de vos confessar que não existo. O que me torna no imortal mais procurado do planeta. Sou também, por isso, o único sábio ignorante, e aqui aproximo-me do conceito antigo, mas por razões diversas...
Deixei-me a olhar inexpressivamente para o tal ponto de fuga. Afastei-me desse louco que nada tem.
Ao fundo as luzes da cidade atraíram-me como cantos de sereia. A tal cidade... Onde de tudo existe, a mesma onde nada se sabe, aquela onde tudo se conquista.
E fiquei a pensar, numa ambição antiga... Se ao menos tivesse juízo... Mas não tenho :)
terça-feira, 24 de julho de 2012
Sim Senhor Doutor.
Confesso que uma coisa que sempre me divertiu são aqueles
tipos que acham que percebem muito de mulheres, assumindo-se como verdadeiros
experts em sede de psicologia feminina, achando que, por essa mesma
razão, transbordam charme tal e qual como o Nilo transborda na época das
cheias.
Adoro especialmente aqueles que adoptam as teorias
linguísticas do "Quando ela diz "não" quer dizer "sim", e vice-versa",
e coisas que tais, como se fossem verdades supremas. Bem, eu sempre tomei um
"não" como um "não", e um "sim" como um "sim", o que quase
sempre me salvou de fazer figuras de urso (QUASE!). E se fosse só este exemplo
não estávamos mal. Há por aí verdadeiros artistas que se acham muito e fazem questão
de exteriorizar essa patologia, nomeadamente em locais públicos, publicando
livros, indo à televisão mandar umas postas de pescada, e por aí em diante. E
não esquecer os blogs, claro está, que isto agora anda na moda e há que
aproveitar o tempo de antena. Uma coisa é tentar perceber as
mulheres, outra é achar que se percebe. Tentar perceber a
psicologia feminina é uma atitude sensata e louvável, e se tais empirismos forem
comunicados à restante comunidade masculina, até se aplaude. Já um tipo
assumir-se como o último Dr. Phil à face da Terra, e achar que estala os dedos e
vêm cachos de gajas a correr atrás só pela sua bonita prosódia, é uma coisa
completamente diferente.Eu cá admito: não percebo nada de mulheres. E cada vez percebo menos. Mas vou tentando.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Coisas que me aborrecem...
Almofadas sem consistência apropriada.
Gente sem regras de higiene.
Avarias no jacuzzi.
Falta de privacidade.
Cerveja quente.
Visão dupla depois de meia dúzia de imperiais.
Jogadores de futebol com medo de ir ao choque.
Roupa de lã directamente sobre a pele.
Condutoras que não respeitam o código da estrada.
Finalmente... mulheres que querem sexo a toda a hora.
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